De 24 a 26 de outubro, a Exponor recebe a FIMAP, uma feira dedicada à Indústria da Madeira, Silvicultura, Exploração Florestal e Biomassa, que este ano apresenta novas tecnologias, soluções e materiais mais responsáveis e amigos do ambiente. Eulália Botelho, representante da ANEFA (Associação Nacional de Empresas Florestais, Agrícolas e do Ambiente) estará presente e faz um balanço do projeto ProNatura, que assinala 20 anos e mais de dois milhões de árvores plantadas.
Que balanço faz das duas décadas do ProNatura?
O balanço é muito positivo, já temos cerca de dois milhões de árvores plantadas e contamos com perto de 200 empresas parceiras. O ProNatura foi um projeto pioneiro em Portugal, com início em 2002. Hoje existem muitas organizações/entidades a fazerem o mesmo tipo de ações, inclusivamente algumas já foram parceiras e replicaram o projeto, mas isso só pode deixar a ANEFA orgulhosa do seu trabalho e prova de como os bons projetos podem e devem ser replicados. Existe espaço para todos e a floresta agradece. Nos últimos anos o ProNatura ganhou reconhecimento além-fronteiras e podemos dizer que cada vez mais o nosso trabalho é reconhecido internacionalmente.
Quais as principais áreas onde foram plantadas as árvores? E porquê essas?
Tratam-se de áreas públicas ou sob gestão pública, identificadas em todos os Distritos pelos Concelhos aderentes ao projeto. O ProNatura é um Projeto de âmbito nacional. Já plantamos em todos os 18 Distritos de Portugal Continental e ilhas. A reflorestação incide maioritariamente em áreas ardidas por forma a mitigar os impactos negativos causados pelos incêndios rurais, cada vez mais nefastos e recorrentes, em virtude das alterações climáticas, no entanto, também intervimos na recuperação da paisagem (arborizações em aterros sanitários); arborizações em áreas urbanas; arborizações de novas áreas; criação de áreas de lazer; recuperação de áreas degradadas; recuperação de galerias ripícolas e intervenções em linhas de água.
Que tipo de árvores são plantadas?
Os viveiros associados da ANEFA, que fornecem a planta florestal para as plantações, dispõem de um grande leque de espécies, mas são as entidades proprietárias das áreas onde as árvores serão plantadas, Câmaras Municipais, Freguesias, Parques e Reservas Naturais, entre outros espaços públicos como, por exemplo, os Baldios, que de acordo com o plano de gestão para essa área nos dizem quais as espécies pretendidas. São normalmente espécies autóctones, selecionadas em função da adaptação às condições da área de plantação, com maior incidência no medronheiro, sobreiro, castanheiro, pinheiro-manso, pinheiro-bravo, carvalho-alvarinho, carvalho-negral e azinheira.
Quais os maiores desafios que a floresta enfrenta na atualidade?
O maior desafio que a floresta enfrenta na atualidade é o reconhecimento da sua importância para a sobrevivência da espécie humana. Na teoria todos lhe atribuem importância, mas depois assistimos diariamente ao abandono dos espaços florestais e à substituição da área florestal por outras ocupações do solo. Esse abandono reflete-se no impacto das alterações climáticas. Por isso, torna-se cada vez mais importante a gestão florestal profissional, que garanta a preservação dos ecossistemas florestais e o seu equilíbrio.
Como se pode prevenir melhor os incêndios através da reflorestação e gestão florestal?
As árvores são seres vivos extraordinários, são capazes de sobreviver em condições de adversidades extremas, mas não são imunes ao fogo, enquanto houver quem goste de brincar com o fogo, não há gestão que lhes valha. Hoje assistimos a incêndios rurais em pomares, em vinhas, em terrenos agrícolas. A gestão florestal não passa por querer fazer da floresta um jardim, o sub-bosque faz parte da floresta e a sua presença é necessária para a preservação dos ecossistemas. A gestão florestal visa a criação de estruturas equilibradas dentro dos diferentes ecossistemas que permitem criar uma maior resiliência em relação à propagação do fogo. Sendo a floresta em Portugal maioritariamente privada e com zonas de muito pequena dimensão, importa criar junto dos produtores/proprietários a cultura da gestão florestal profissional que disponibilize soluções adequadas a cada região, garantindo sempre algum rendimento.
Qual a importância de eventos como a FIMAP?
Eventos como a FIMAP são sempre importantes pois permitem mostrar à sociedade civil o que de melhor se faz no setor. É importante que o cidadão, que só conhece a floresta a partir do que se passa durante a época dos incêndios rurais, tenha uma visão diferente, da importância da floresta enquanto elemento fundamental no desenvolvimento da espécie humana, através de todos os serviços e produtos prestados e fornecidos pelos diferentes ecossistemas.