A E-REDES promoveu esta quarta-feira, 24 de maio, uma conferência centrada na gestão da vegetação e biodiversidade. O Salão Nobre da Tapada de Mafra serviu de palco para vários especialistas debaterem as oportunidades práticas da gestão e conservação e da vegetação para a biodiversidade, bem como o de ser um agente ativo de mudança nesta área.
Enquanto empresa gestora de infraestruturas com o propósito de fazer chegar a eletricidade a casa e empresas, a E-REDES tem dado grande importância ao tema da biodiversidade e vegetação, algo que, para Nuno Sequeira, Vogal do Conselho Diretivo do ICNF, é de felicitar: “É uma componente que não pode ficar de lado e [que] ganha, agora, uma nova visibilidade”.
Os incêndios rurais são também outro ponto ressalvado, com Nuno Sequeira a dar nota de que “O fogo não é todo mau: usado na época certa e por pessoas habilitadas pode ser e é uma ferramenta de gestão que, nos sítios certos, é económica e eficaz”. No entanto, quando é “não desejado, é uma verdadeira ameaça”. E é precisamente nessa componente que está o Sistema Integrados de Fogos Rurais, que assenta no eixo da Gestão do Fogo Rural, cuja coordenação cabe ao ICNF e que inclui a prevenção, preparação do território e da intervenção pós incêndio, e o da proteção contra incêndios rurais e que está mais focado para a proteção de pessoa, bens e infraestruturas. Sobre a gestão da vegetação e biodiversidade, o instituto está a trabalhar para alterar as regras e norma de gestão de combustível ao nível da rede primária e secundária: “Não há um instrumento mágico e, por muito que a E-REDES tenha uma boa gestão da sua infraestrutura e [da] vegetação, essa não deixa de estar ameaçada, se tudo estiver mal, assim como não é por termos uma casa só por si com vegetação bem gerida que ela está protegida contra os incêndios rurais”. Por isso, a “solução e o resultado é um “mix” das diferentes técnicas e intervenções que temos no território”, atenta o responsável, acrescentando que aquilo que o ICNF está aplicar em termos de regras de gestão de combustível são as normas que já estão em vigor.
No ‘mix’ das atividades feitas no território, estarmos protegidos contra incêndios rurais graves
No âmbito destas normas técnicas, o ICNF concluiu um draft que teve em consideração os trabalhos que a Forest Wise tem desenvolvido: “O draft da proposta de norma já foi partilhado com os Membros da Comissão Nacional de Gestão Integrada de Fogos rurais – painel muito mais alargado – onde nos encontramos a receber contributos dessas mesmas entidades”. Esta proposta será também será partilhada com os parceiros estratégicos, como a E-REDES ou a REN: “A experiência pode ajudar a que saia algo mais robusto e sólido, sendo que é preciso encontrar um equilíbrio” que responda “ao que a técnica e a ciência nos diz que é mais eficaz e ter um modelo flexível para permitir diferenças entre o que fazer na gestão da rede secundária no Minho ou em Castro Verde, com realidade demográficas diferentes e, simultaneamente, não criar um sistema tão complexo e tão caso-a-caso, sob pena de se perder a força para a sua implementação”, atenta Nuno Sequeira. A conjugação de todas estas características, mantendo a possibilidade de ser algo “fiscalizável”, resultará no objetivo de “alcançarmos o melhor equilíbrio possível”, sucinta.
Finda a recolha dos contributos institucionais, o foco assenta em fazer uma partilha com organizações de produtores florestais, proprietários e outras entidades e organizações, que ajudem a detetar formas de redação que cumpram o propósito de, “no ‘mix’ das atividades feitas no território, estarmos protegidos contra incêndios rurais graves: eles vão acontecer, mas é termos as infraestruturas protegidas, uma composição da paisagem e que permita criar mais oportunidades ao combate”, remata.