No encontro anual da Comissão Internacional para a Conversão dos Tunídeos do Atlântico (ICCAT) os países presentes fizeram um esforço para definir limites na captura do tubarão azul no Atlântico, assim como para proibir o ‘finning’ – remoção de barbatanas de um tubarão, deitando o corpo do animal ao mar. Apesar de muitos países estarem a favor, o Japão e a China rejeitaram a proposta.
“Os tubarões estão entre os animais mais vulneráveis dos oceanos e meias-medidas não exequíveis não são suficientes para conservá-los”, ressalvou Sonja Fordham, presidente da Shark Advocates International. O tubarão azul é pescado por muitos países, mas a maioria não limita a captura. Assim, para evitar a sobrepesca, os cientistas do ICCAT recomendam “limitação das capturas de tubarões azuis”.
A União Europeia tinha efetuado uma proposta para limitar a captura dos tubarões azuis, porém, foi diluída pela posição de alguns países, nomeadamente do Japão e do Brasil, que bloqueou a ação de conservação do Atlântico Sul.
Nos últimos anos, mais de 85% das capturas de tubarões azuis no Atlântico Norte foram efetuadas por navios da UE. “É fundamental reconhecer que a nova medida da ICCAT para os tubarões azuis se aplica apenas ao Atlântico Norte e está dependente de ações de acompanhamento por parte dos países, a curto prazo, e da ICCAT, a longo prazo”, afirmou Ali Hood, director de Conservação da Shark Trust.
O mesmo responsável adiantou que “uma vez que os navios espanhóis têm a maior parte das capturas do tubarão azul do Atlântico Norte, agora cabe à UE fixar imediatamente limites de captura”. Na sua visão, só com esta ação, será possível a preservação as espécie.
80% dos países da ICCAT que participaram na reunião apoiaram um esforço global liderado pelos Estados Unidos para fortalecer a proibição de ‘finning’, através da proibição da remoção das barbatanas em alto mar.
Noruega, Libéria, São Vicente e Granadinas, Nicarágua, Serra Leoa, Curaçao e Líbia defenderam a proposta relativa às “barbatanas agarradas” deste ano, juntamente com outros 23 países que fazem parte da ICCAT e que propuseram a medida no ano passado. Pela primeira vez, o Canadá manifestou-se a favor da proibição e a Coreia não expressou oposição. A UE, a África do Sul, a Venezuela, a Islândia, a Rússia, o Senegal e outros países da África Ocidental juntaram-se ao grupo de apoio. Porém, o Japão e a China, com a ajuda de Marrocos, impediram a proposta.
“Estamos consternados com esta conclusão e pelo facto de tão poucos países se oporem à proibição de finning da ICCAT, proposta por 30 países de todos os lados do Atlântico”, disse Ania Budziak, diretora Associada do Project AWARE.