Iberdrola colhe mel 100% natural em Setúbal e garante coexistência de centrais solares com a natureza
A Iberdrola levou a cabo a primeira colheita de mel produzido nas centrais solares do Conde (concelho de Palmela), e de Algeruz II (concelho de Setúbal). A iniciativa, que teve início em 2023, dá agora os primeiros frutos com a colheita de 300 quilos de mel 100% natural.
Enquadrado no Plano Ambiental da Iberdrola, este projeto tem como objetivo fomentar a convivência das centrais de produção de energia renovável e o seu meio envolvente natural, reforçando que é possível e frutífera a coexistência entre projetos de energia renovável e o meio ambiente.
As 30 colmeias distribuídas pelos dois apiários em ambas as centrais solares produziram um total de 300 quilos de mel 100% natural, mas haverá sempre espaço para mais e melhor. Por isso, a intenção passa, não só por estender o projeto a mais centrais solares, como também melhorar as condições florais em torno dos apiários já existentes de forma a potenciar a produção. Por terem os apiários localizados dentro dos parques solares, os apicultores têm melhores condições de trabalho e mais seguras.
De acordo com Alejandra Reyna, Diretora-Geral da Iberdrola Renováveis Portugal, o projeto “permite reforçar, numa outra vertente, as valências “verdes” das centrais solares. Os projetos da Iberdrola contam com técnicos ambientais e biólogos dedicados a encetar todos os esforços para que as questões ambientais sejam devidamente acauteladas. Com iniciativas como esta, a de pastoreio e da preocupação em plantar nas localizações espécies autóctones, pretende-se demonstrar que as centrais fotovoltaicas e demais projetos de energias renováveis da Iberdrola podem conviver com a natureza envolvente e servir até como propulsor de melhorias nas áreas abrangidas pelas centrais. Consideramos a vertente biológica dos projetos tão ou mais importante que qualquer outra”.
Este é o resultado de uma parceria com a Coolbelha, de João Polido, um apicultor da região, que uniu o seu know-how à equipa da Iberdrola e que, conjuntamente, identificaram os locais mais adequados para a instalação das colmeias.
A empresa pretende estender esta iniciativa, incluindo medidas específicas de plantações de determinadas espécies de flora nos Projetos de Integração Paisagística das Centrais, para que as mesmas estejam em harmonia com a fauna (abelhas) e permitam também envolver mais parceiros das comunidades locais.
O que será feito com o mel?
Parte significativa do mel será entregue a instituições das comunidades envolventes, reforçando o compromisso com a promoção local, devolvendo à comunidade, de forma concreta, os benefícios da convivência dos projetos de produção de energias renováveis e da biodiversidade.
O mundo precisa de mais polinizadores
As abelhas são polinizadores especialmente versáteis que promovem tanto a biodiversidade na flora silvestre como a produtividade em determinadas culturas. Desta forma, boa parte da vegetação circundante dos projetos da Iberdrola também é beneficiada. É também relevante a promoção da conservação destes polinizadores e, para isso, a Iberdrola não usa fitofármacos nas suas centrais, optando por meios físicos ou biológicos para o controle da vegetação, como por exemplo o pastoreio regular nas centrais fotovoltaicas.
A ameaça das espécies invasoras
A vespa asiática tem-se revelado uma ameaça à existência destes polinizadores. Detetada pela primeira vez em 2010 em Portugal, o controlo desta espécie invasora tem colocado diversos desafios, pois organiza emboscadas às abelhas aquando do seu regresso às colmeias depois de saírem para trabalhar. Dada a diferença de tamanhos, a vespa, maior que a abelha, facilmente captura e erradica colmeias inteiras. Para evitar este cenário e garantir a preservação e prolongamento da vida das nossas abelhas, foram instaladas armadilhas nas colmeias, capturando a espécie invasora sem interferir na vida das abelhas.
As abelhas e a produção
Durante a primeira fase de produção do mel, levada a cabo pelas abelhas dentro das colmeias, existe uma sequência de eventos para que o mel seja eficazmente produzido. As abelhas comuns, ou obreiras, alimentam-se do pólen e têm uma esperança média de vida de 28 a 48 dias. Já a Rainha alimenta-se da chamada geleia real, que ajuda a estender a sua vivência até cerca de 4 a 5 anos.
Por norma, as abelhas percorrem cerca de 4 a 5 km nas suas viagens diárias de recolha de néctar. No caso das centrais solares da Iberdrola, a envolvente em termos de flora é diversificada (não existindo densas manchas de uma só planta/flor), pelo que o mel produzido é considerado multifloral.
Os cuidados a ter no processo de recolha do mel são diversos: a recolha deve ser feita nos apiários, idealmente em dias mais secos e de calor para garantir que as abelhas estão menos agressivas e que não existe risco de a humidade comprometer a qualidade do mel dos quadros. Pelas mesmas razões, o tempo entre a retirada dos quadros da colmeia e a extração de mel dos mesmos deve ser o mais reduzido possível.