A Horta da Ria esteve entre os vencedores da terceira edição do Blue Bio Value, um programa de aceleração de empresas ligadas à bioeconomia azul, coorganizado pela Fundação Oceano Azul e pela Fundação Calouste Gulbenkian. A Ambiente Magazine foi ao encontro de Júlia Cavaz e de Júlio Coelho, fundadores do projeto, que contam como tudo começou.
A Horta da Ria nasce assim da “vontade de trazer uma nova vida às marinhas da região de Aveiro”, através da “produção e transformação da salicórnia”, uma “planta carnuda”, naturalmente “salgada” e “usada para fins alimentares”. De acordo com os responsáveis, “trata-se de uma espécie halófita e autóctone da Ria, cresce de forma natural nas marinhas de sal”. Com este projeto, os investigadores querem, assim, “ajudar as pessoas a reduzir o consumo de sal”, com esta opção saudável.
Ambientalmente, o projeto pretende “aproveitar ao máximo os recursos naturais” da Ria de Aveiro, “interferindo o menos possível com o seu ecossistema”. Tendo em conta que a salicórnia, depois de colhida, tem uma “duração de cerca de 20 dias a uma temperatura entre 4º a 8ºC”, Júlia Cavaz e Júlio Coelho optaram por “desidratar a planta e produzir salicórnia em pó”. E o objetivo da Horta da Ria passa, assim, por “aproveitar a energia solar conseguindo desta forma fazê-lo no local de produção diminuindo a pegada ecológica do produto”, referem
[blockquote style=”2″]Há pouca informação e pouca divulgação[/blockquote]
Para além do “reconhecimento” por parte da Fundação Oceano Azul, da Fundação Calouste Gubelkian e dos parceiros associados, estar entre os vencedores do Blue Bio Value significa que a “ideia de negócio apresentada é válida, é sustentável” e de que “o nosso sonho se pode tornar realidade”, descrevem. Mas, mais do que a vitória, a participação no programa foi para os investigadores uma mais-valia: “Sentimos que crescemos como empresa e sustentamos melhor a nossa ideia de negócio”.
Os problemas associados à biodiversidade e à conservação da natureza são cada vez mais uma realidade. E em Portugal não é exceção: “Sentimos que há pouca informação e pouca divulgação dos passos que já se deram, do que já foi feito e do que falta fazer”, atentam os investigadores. No entanto, acreditam que, através de iniciativas, como o programa Blue Bio Value, o país mostra uma grande “preocupação com as questões ambientais” e com a “preservação dos oceanos”. Embora o papel dos líderes políticos seja “dar respostas às exigências” da população, Júlia Cavaz e Júlio Coelho reforçam que, para tal, são precisas pessoas “mais informadas, mais conscientes e consequentemente mais exigentes” nestas matérias. Já sobre o contexto atual em que o mundo vive, os fundadores da Horta da Ria dizem que, apesar de alguns “efeitos negativos” para as “relações sociais”, a pandemia da Covid-19 “obriga a pensar em alternativas que passam por aproveitar os recursos naturais ao nosso alcance”.
O futuro da biodiversidade…
“O crescimento da preocupação mundial na preservação da natureza, vai ajudar na construção de soluções sustentáveis que permitirão manter a biodiversidade. É importante investir na alteração de hábitos da população, tornando-a exigente nos seus hábitos de consumo”.