Um homem de 49 anos assumiu hoje, no Tribunal da Feira, ter ateado um incêndio florestal, em Fajões, Oliveira de Azeméis, no dia 15 outubro 2017, que foi considerado “o pior dia do ano” em matéria de fogos.
Perante o coletivo de juízes, o homem confessou o crime, mas não apresentou qualquer justificação para a sua conduta, limitando-se a dizer que antes tinha estado a beber “dois litros de vinho, mais ou menos”.
“Passou alguma coisa pela cabeça. Bebi uns copos a mais e olhe”, disse o arguido, encolhendo os ombros. O homem afirmou ainda que só ateou fogo uma vez, contrariando o que disse à Polícia Judiciária quando participou na reconstituição dos factos.
Na primeira sessão do julgamento, o tribunal ouviu ainda uma mulher que afirmou ter visto o arguido a tentar atear fogo, com um isqueiro. “Ele estava escondido atrás de um pinheiro a olhar para o fogo. Tirou um isqueiro do bolso e agachou-se no mato e eu disse que ia chamar a guarda”, disse a testemunha.
O indivíduo abandonou o local a pé, tendo sido intercetado poucos metros à frente por vários populares que o retiveram até à chegada da GNR.
Segundo a acusação do Ministério Público, o arguido ateou fogo em quatro pontos de ignição diferentes, na vegetação rasteira ali existente. Quando tentava efetuar a quinta ignição, junto de umas habitações, foi surpreendido por uma moradora que, quando viu o arguido com um isqueiro na mão junto ao mato, chamou pelo mesmo, saindo este do local.
Os focos incendiários provocados pelo arguido rapidamente alastraram à restante floresta, vindo a consumir uma área de 16 hectares de vegetação constituída por mato, pinheiro e eucaliptos. O MP diz que as chamas só não atingiram outros bens, designadamente uma capela e habitações ali existentes, devido à pronta e eficaz atuação dos Bombeiros.
O homem, que está em prisão preventiva, está acusado de um crime de incêndio florestal. Os incêndios de outubro que atingiram as regiões Centro e Norte provocaram 48 mortos.
O dia 15 de outubro foi considerado o “pior dia do ano” em termos de fogos florestais, tendo-se registado quase 500 ignições (fogachos incêndios florestais e agrícolas), de acordo com o relatório da comissão técnica independente aos incêndios.