O aumento do nível dos mares causado pelas mudanças climáticas será o tema central do maior encontro de trabalho para a proteção do meio ambiente e das espécies em perigo, que realizará a sua conferência quadrienal no Havai a partir de hoje, 1 de setembro. Mais de 8.300 representantes de governos e de grupos ambientalistas deverão comparecer no Congresso Mundial da Natureza, convocado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), que termina a 10 de setembro.
O presidente norte-americano, Barack Obama, irá dirigir-se aos delegados dos 184 países que participarão deste simpósio, organizado pela primeira vez nos Estados Unidos desde a sua criação, em 1948.
O tema principal da conferência, “Planeta na encruzilhada”, será a situação crítica dos pequenos países insulares que correm o risco de desaparecer nas próximas décadas com o aumento do nível dos oceanos provocado pelo aquecimento global. Entre os temas que serão abordados estão o tráfico de marfim, que ameaça os elefantes africanos de extinção, e como alimentar a crescente população mundial sem esgotar os recursos naturais do planeta.
Obama chegará à conferência dias depois de anunciar a sua decisão de ampliar a reserva marinha de Papahanaumokuakea até às ilhas havaianas do noroeste, convertendo-a na maior área protegida do mundo.
“O presidente debaterá o papel dos territórios insulares isolados no contexto do clima, mas também a importância da relação entre a conservação e as mudanças climáticas”, explicou Brian Deese, um assessor de Obama. Para Ben Rhodes, assessor adjunto de segurança nacional da Casa Branca, esta conferência representa “uma ocasião importante para reunir não só os líderes das ilhas do Pacífico, motivados pela aplicação de medidas urgentes contra as mudanças climáticas, mas também defensores do meio ambiente do mundo todo”.
Vários documentos considerados importantes serão publicados durante a conferência, entre eles a atualização da lista vermelha de espécies ameaçadas e em perigo de extinção da UICN. Os organizadores também mencionaram uma publicação das iniciativas dirigidas a alcançar um equilíbrio entre as atividades de exploração de gás e petróleo no mar e a proteção das baleias, assim como a criação de áreas de proteção da biodiversidade.
Na segunda parte do evento, que decorrerá entre 6 e 10 de setembro, os delegados debaterão sobre o tráfico de espécies selvagens e a exploração florestal.
O congresso da UICN é considerado uma oportunidade para encontrar posições em comum sobre decisões difíceis e para estabelecer as bases de futuras conferências, incluindo a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e Flora Silvestres (Cites), que acontecerá em meados de setembro em Joanesburgo, na África do Sul. Qualquer moção aprovada na conferência da UICN “se converte em uma resolução com um peso considerável” na convenção da Cites, “que tem um carácter juridicamente vinculante”, disse John Robinson, dirigente da ONG Wildlife Conservation Society.