Há uma torre que mostra como os sobreiros ajudam a Terra a respirar
Quando abrir a próxima garrafa de vinho, lembre-se que aquela rolha representa um pouco da ajuda que o sobreiro dá ao planeta para que respire melhor. Mais concretamente, essa rolha sequestrou da atmosfera 250 gm de CO2, um gás com efeito de estufa também lançado pelas atividades humanas, diz o Público. Esta é uma das conclusões de um grupo de cientistas do Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia (ISA), em Lisboa, que anda há sete anos a medir, numa herdade em Coruche, as trocas de CO2 e água entre o ecossistema terrestre e a atmosfera. Os resultados comprovam que o montado de sobreiro é um sumidouro de carbono ativo.
Por cada tonelada de cortiça produzida, há 73 toneladas de CO2 sequestradas. Ou fazendo outras contas, um hectare destes sobreiros consegue sequestrar 14,7 toneladas de CO2 por ano.
O local escolhido pelos investigadores, numa herdade com quase 2500 hectares, dos quais mil são de montado de sobreiro, é um montado certificado que “obedece às regras de boas práticas de gestão florestal, vegeta em boas condições de solo e de clima sem deficiências hídricas excessivas durante o verão”, diz Filipe Costa e Silva, investigador do ISA.
Os investigadores perceberam também que estas árvores se adaptam a alturas críticas, como anos de seca. Os registos mostram que, em anos secos, como o de 2012, o sequestro de CO2 não foi significativamente afetado. A explicação desta vez não está na copa da árvore mas no eficiente sistema radicular dos sobreiros, que conseguem ir buscar água a lençóis freáticos em profundidade.
Por outro lado, há outras árvores, para além do sobreiro que sequestram o CO2. O eucalipto, por exemplo, em bastante menos tempo (porque cresce muito mais rapidamente do que o sobreiro) consegue sequestrar três vezes mais CO2.
O projeto do ISA faz parte de várias redes de infra-estruturas de investigação portuguesas e internacionais – entre as quais a rede global Fluxnet, que reúne os dados de mais de 600 torres idênticas espalhadas pelo mundo que vigiam a respiração do planeta, medindo as trocas entre os ecossistemas terrestres e a atmosfera.