Quase 68% das empresas portuguesas consideram que já fazem Investigação & Desenvolvimento suficiente mesmo que 28,3% admitam que não possuem um orçamento dedicado à inovação. Esta é uma das principais conclusões do Barómetro Internacional da Inovação 2023. Encomendado pela Ayming Portugal, o relatório inquiriu responsáveis de 846 empresas de 17 países, da Alemanha a Singapura, passando por Portugal, Canadá ou EUA.
Tendo em conta a tendência geral das empresas inquiridas, a grande preocupação atual é a crise energética, uma vez que que “77% das empresas estão a fazer alterações na atividade de modo a combater os custos da energia” e “mais de um quarto (26%) do total dos inquiridos descreveu essas mudanças como radicais”. O aumento repentino e dramático dos preços da energia está a fazer com que as empresas procurem novas maneiras de reduzir custos, indica o estudo.
De acordo com as conclusões do estudo, partilhado pela Ayming Portugal, a estratégia mais comum passa por “procurar formas energeticamente eficientes de poupar”, algo que “44% das empresas estão a fazer”. No entanto, as empresas também estão a recorrer a estratégias mais avançadas e drásticas, como procurar “fontes alternativas de energia, no caso de 33% das empresas, ou procurar materiais alternativos – não derivados de combustíveis fósseis, solução adotada por 30% das empresas”. As empresas estão também a “repensar as cadeias de abastecimento”, tanto em relação ao “sítio onde obtêm os materiais, com 30% a fornecer materiais locais”, como em relação à “forma como os transportam, com 30% a repensar o seu processo logístico”, aponta a análise.
Nesta edição do Barómetro Internacional da Inovação, “percebe-se que grande parte da Inovação levada a cabo pelas empresas portuguesas é, ainda, financiada por recursos internos, sendo que apenas Espanha ultrapassa Portugal nesta matéria”, indica Nuno Tomás, managing director da Ayming Portugal, acrescentando que “tendo os incentivos à Inovação uma divulgação significativa, esta situação poderá ser explicada pela desadequação dos nossos Incentivos Fiscais a períodos em que as empresas reportem resultados negativos, mas, também, pelo atraso na implementação do Portugal 2030”.
Outra conclusão a realçar passa pelo “número de empresas em Portugal que ainda não possui um orçamento dedicado à Inovação. Sendo esta uma atividade tão importante para as empresas nos curto e médio/longo prazos, a não-afetação de recursos a estas atividades, formalmente, parece um pouco contraditória”, indica o responsável, acrescentando que “a autoavaliação que é feita pelas empresas portuguesas refere que estas consideram que já fazem I&D suficiente, algo que considero que poderá ser pernicioso, se aliado ao ponto anterior”.