Há novos dragões do lodo no Algarve e isso é um bom sinal
Não cospem fogo, nem metem medo. Pelo contrário, são inócuos para nós e nem os conseguimos ver sem ser ao microscópio. Também não abundam as espécies conhecidas de dragões do lodo, a designação vulgar destes bichinhos que vivem entre os grãos de areia ou no lodo: só estão identificadas cerca de 200 espécies a nível mundial. A lista cresceu agora com a descoberta de mais duas ao largo de Faro e Albufeira, revela o Público.
Ricardo Neves, da Universidade de Basileia (Suíça), é o principal autor da descoberta. Ele próprio faz parte de um nicho: “Cerca de 10 investigadores em todo o mundo estudam ativamente estes animais”, diz o biológo português.
Os dragões do lodo integram a fauna que vive nos sedimentos arenosos e lodosos nas linhas costeiras e que tem sido um tanto esquecida pela ciência. Geralmente têm menos de 1 milímetro. Foram descobertos pela primeira vez em 1841, no Norte de França. Desde então, as 200 espéies descritas são todas marinhas, vivendo em zonas marinhas ou estuarinas, mas nunca em água doce. Podemos encontrar dragões do lodo na praia, quando a baixa-mar deixa a descoberto a zona entre marés.
A descrição das duas espécies agora encontradas a cerca de 100 metros de profundidade, está na revista Marine Biology Research, num artigo de Ricardo Neves, Martin V. Soarensen e Maria Herranz. As novas espécies têm à volta de 0,29 milímetros.
Afinal, o que têm os quinorrincos de especial? São, antes de mais, um sinal de qualidade dos sedimentos costeiros, zonas que têm valor sócioeconómico elevado devido ao turismo e à pesca. “A presença de quinorrincos na costa portuguesa é positiva pois contribui para a biodiversidade desse ecossistema e deixa antever um baixo nível de poluição”, responde.