Ao longo das últimas décadas Guimarães pautou-se por apresentar uma visão holística em prol do desenvolvimento sustentável implementando processos de transformação reconhecidos nacional e internacionalmente, como a classificação do Centro Histórico em 2001 pela Unesco como Património Cultural da Humanidade, os títulos de Capital Europeia da Cultura, em 2012, Cidade Europeia do Desporto, em 2013, Município ECO XXI, o 5º lugar alcançado na Candidatura de Capital Verde Europeia, ou a mais recente escolha de Guimarães como uma das 100 cidades europeias que se compromete e alcançar a neutralidade climática, até 2030. Estes reconhecimentos evidenciam um percurso de compromisso com a transformação social, económica e cultural, mas também com a constante procura da melhoria da qualidade de vida dos vimaranenses e dos seus visitantes alicerçado num cenário proactivo de respeito pela sustentabilidade do território.
Atualmente, Guimarães é, reconhecidamente, um modelo de inspiração para outras cidades europeias, nomeadamente pela bem-sucedida implementação do Ecossistema de Governança Guimarães 2030. Um modelo integrador, multidisciplinar e participativo capaz de aglutinar o setor público, o setor privado, a academia e os cidadãos. É neste Ecossistema de Governança que equipas multidisciplinares estabelecem planos de ação bianuais em áreas como a Gestão dos Resíduos, Gestão da Água, Economia Circular, Natureza e Biodiversidade, Turismo Sustentável, Alterações Climáticas, Educação para o Desenvolvimento Sustentável, Ecoinovação, entre outras, promovendo a proteção e preservação do seu Património Histórico, Cultural e Natural com forte envolvimento e sensibilização da comunidade, aliando o conhecimento à gestão do território, e promovendo a cooperação e colaboração entre os mais diversos setores.
Neste caminho, Guimarães tem desenvolvido um conjunto de boas práticas em diversas áreas. Em 2016 tornou-se um Município pioneiro na implementação do Sistema de Pay-as-you-Throw (PAYT), antecipando as próprias diretrizes europeias. Ao mesmo tempo, deu início à Estratégia de Economia Circular de Guimarães (G4CE), que ganhou, desde 2021, uma nova roupagem, através do lançamento da marca RRRCICLO – Economia Circular em Guimarães que, às diversas iniciativas de circularidade como a recolha e valorização de pontas de cigarro e pastilhas elásticas (Projeto EcoPontas e PapaChicletes), a valorização de resíduos verdes e castanhos ou, mais recentemente, a valorização de máscaras ou de resíduos têxteis pós-consumo, juntou também a recolha de para reduzir, reciclar e reaproveitar os resíduos orgânicos. Através desta última iniciativa, Guimarães já distribuiu, gratuitamente, mais de um milhar de compostores pela população, e recolhido mais de 625 toneladas de resíduos orgânicos. Estas iniciativas, têm sido acompanhadas de diversas campanhas de comunicação e sensibilização dirigidas para toda a comunidade.
Realce-se que o percurso de Guimarães, na gestão de resíduos e na transição para uma Economia Circular, resultou ainda, recentemente, na distinção de Guimarães como uma das 12 cidades piloto, em toda a Europa, na Iniciativa Cidades e Regiões Circulares, assim como no selo de qualidade atribuído pela ERSAR.
Na última Semana Europeia da Prevenção de Resíduos, que este ano abordou a temática dos “Têxteis circulares & sustentáveis, o lixo está fora de moda!”, Guimarães apresentou também o primeiro mapeamento de resíduos têxteis do Concelho, num trabalho que está a ser realizado em articulação entre o Município de Guimarães o Laboratório da Paisagem. A comemoração desta semana incluiu ainda diversas conferências, assim como a entrega de brindes resultantes da valorização de máscaras descartáveis (cabides para lojas de Comércio Tradicional e suportes de telemóveis para as Escolas), assim como sacos de pano e mantas, respetivamente para o Mercado Municipal e para as esplanadas dos restaurantes e bares do Centro Histórico, produzidos a partir de resíduos têxteis pós-consumo.
Todos estes projetos, convergem num objetivo, claro, de Guimarães se tornar num município Zero Resíduos, ambição plasmada no compromisso assinado, no âmbito de uma certificação à escala europeia promovida pela organização sem fins lucrativos Mission Zero Academy (MiZA), impulsionada pelo Zero Waste Europe e pela ZERO, à escala nacional.
*Este artigo foi incluído na edição 97 da Ambiente Magazine