A água deixou de correr nas torneiras de Damasco há duas semanas, precisamente no dia em que o Presidente Bashar al-Assad saboreava a sua vitória final sobre os rebeldes na batalha de Alepo, alerta esta sexta-feira o Público. Desde então, a guerra que o regime sírio tem conseguido manter quase sempre à distância faz-se sentir com maior dureza na vida dos quatro milhões de habitantes da capital, onde a água engarrafada duplicou de preço e os residentes esperam horas em filas para se abastecerem em camiões cisternas ou nos poços disponíveis.
Citada pelo jornal, Nour, uma habitante da capital ouvida pela CNN ironiza que “quando a água chega às torneiras a nossa alegria é a mesma de uma mãe que tem um filho depois de dez meninas”. Em sua casa, como por toda a capital, a água passou a ser um bem mais precioso do que ouro, gasto a conta-gotas e só para o que é essencial. “Deixei de lavar a casa, de lavar os pratos e as roupas, já ninguém toma banho”, confirmou à AP Mona Maqssoud, outra mãe de família da cidade.
O Governo sírio acusa os rebeldes de terem contaminado as nascentes de água com gasolina, o que obrigou os serviços de distribuição a suspender o fornecimento à região de Damasco. A rebelião pôs a circular imagens da estação de tratamento de Ain al-Fijah, junto à nascente do rio, mostrando danos na estrutura que diz terem sido provocados por ataques aéreos.
Para minorar a crise, o Governo pôs a circular camiões-cisterna pelos bairros de Damasco, mas as remessas são insuficientes e muitos residentes têm de recorrer a vendedores privados ou aos poços existentes na cidade – cerca de 200 foram recuperados nos últimos anos com a ajuda da ONU. Nem sempre há garantias de que a água que compram é potável, o que já levou a Unicef a alertar para o risco do aumento de doenças gastrointestinais, sobretudo nas crianças.
*Foto retirada da Reuters.