Greenfest: “É cada vez mais um MOVIMENTO que “rola” antes, durante e depois dos festivais”
O Greenfest, evento de sustentabilidade, está de regresso nos dias 29, 30 de setembro e 1 de outubro à cidade de Braga. Durante três dias, o Mosteiro de Tibães servirá como pano de fundo para este festival que promete grande partilha de conhecimentos, conexões e mudanças significativas. A poucos dias do uma edição, a Ambiente Magazine esteve à conversa com Pedro Norton de Matos, mentor do Greenfest.
- O que é o Greenfest? E qual a sua missão?
O Greenfest é uma “plataforma” de partilha de boas práticas para que, cidadãos, empresas e outras instituições, possam inspirar e ser inspirados para contribuir para a prosperidade da sociedade assente num modelo regenerativo, tendente ao desperdício zero. Tem como missão a sensibilização e capacitação nos valores da sustentabilidade (ESG) e sobretudo promover a passagem à ação numa perspetiva de cidadania ativa.
- Como nasce a ideia de criarem um festival como o Greenfest?
Inspirado num modelo criado em São Francisco/Califórnia no ano de 2006. Em 2008 tivemos a primeira edição em Portugal, com algumas adaptações, nomeadamente no envolvimento de grandes empresas, para além das PMEs e cidadãos. A ênfase, desde o início, foi dada ao equilíbrio entre os três pilares: ambiental, social e económico.
- Qual a necessidade deste festival?
É uma grande oportunidade de fomentar a participação ativa na sociedade e ver reunidos no mesmo espaço físico múltiplos exemplos de práticas sustentáveis. As realizações do Greenfest, são “festas” para vários públicos e faixas etárias, baseado no princípio de que a sustentabilidade é um compromisso inter-geracional.
- Que ações / iniciativas são promovidas neste evento?
As ações são muito variadas, pois procuramos vários tipos de “linguagem” adequados a diferentes públicos. As iniciativas contemplam áreas como a música, teatro, conferencias, oficinas, “showcookings” e palestras de nutrição, saúde e bem-estar, rastreios médicos, tertúlias, mesas-redondas, exposição e venda de produtos, etc. As iniciativas refletem também a valorização da diversidade e inclusão. O programa Escolas é um dos pilares do Greenfest, pois acreditamos que os mais jovens têm a força transformadora e poderão adquirir e consolidar hábitos assentes nos valores da sustentabilidade.
- Qual a mensagem que desejam passar para a sociedade através do Greenfest?
Basicamente que cada um de nós, na perspetiva individual e de comunidade, é um “agente de mudança” com a capacidade de transformação. O mesmo se aplica às empresas e à cidadania empresarial. Uma empresa tem um efeito multiplicador em toda a sua cadeia de valor. Procuramos também passar a mensagem da colaboração, ilustrando com muitos exemplos de sucesso.
- Que novidades podem ser reveladas sobre a edição 2023 em Braga?
Todas as edições trazem protagonistas e conteúdos novos e seria exaustivo estar a descrever as novidades. Para além da sociedade civil e empresarial, contamos com as universidades e centros de investigação de ponta e felizmente vão-se consolidando novas abordagens e soluções para desafios comuns.
- Qual o tema principal desta edição?
A urgência de acelerar a transição para uma economia circular, inclusiva e regenerativa.
- Que temas vão ser debatidos ao longo dos dias?
Temas diversos como referido nas ações e iniciativas que promovemos, nomeadamente em domínios como a Habitação, Mobilidade, Transição Energética, Valorização de resíduos, Transição Digital, Nutrição, Saúde e Bem-Estar, Alterações Climáticas, Biodiversidade, Coesão social, Saúde Mental, Inclusão, Governança, etc. Procuramos ter um programa que contemple os três pilares da sustentabilidade, demonstrando a sua total interdependência.
- O que desejam com esta edição em Braga?
Muita participação e galvanização dos cidadãos, autarquias e empresas para serem parte ativa na transformação.
- Que balanço fazem desde a primeira edição do Greenfest? Tem correspondido às expectativas?
O Greenfest tem mais de 15 anos e tem contribuído para incrementar a cidadania individual e coletiva. É cada vez mais um MOVIMENTO que “rola” antes, durante e depois dos festivais. O resultado é muito gratificante, com a consciência que esta jornada da sustentabilidade é um “caminho que se faz caminhando…”, e há muito caminho pela frente.
- O Greenfest decorre atualmente em Braga e em Cascais. Desejam alargar o número de cidades? Quais? E para quando está previsto?
Fundamentalmente pretendemos manter um polo agregador no norte (Braga) e outro no centro/Sul ( Cascais/Carcavelos) onde tudo começou em parceria com a CMCascais, autarquia que se mantém na linha da frente. Ao longo destes 15 anos, realizamos pontualmente ações noutras geografias do território. Felizmente, fomos assistindo a um cada vez maior número de iniciativas no domínio da sustentabilidade por todo o País
- Há algum desejo que gostava de ver concretizado enquanto mentor do Greenfest? Qual?
Também como economista, gostava que não fosse necessário acrescentar à palavra e conceito de ECONOMIA, o Circular ou Sustentável ou Regenerativo ou Partilha ou Social ou Ecológica ou Verde ou Azul, etc. De facto, não é bom sinal termos que dar nomes à Economia, pois deveria sempre significar o que a etimologia da palavra (do grego antigo) nos transmite e que é muito similar a ECOLOGIA. O denominador comum é OIKOS que significa casa, e o que se trata é de cuidar da CASA COMUM. Só o poderemos fazer bem, se tivermos equilíbrio nas fundações da sustentabilidade: Ambiental, Social e Governança
- Como imagina o Greenfest nos próximos 10 anos?
Imagino que os que foram crianças ou jovens nestes últimos 15 anos, tenham o poder de transformar o modelo de sociedade e não nos deixem a nós adultos continuar a auto destruição do planeta e a criar tantas assimetrias sociais, em nome do crescimento. Imagino também não ser necessário chegar a 2030 ou 2033, para constatar que muitos dos objetivos dos ODS ficaram muito aquém, e, que urge acelerar a transformação. Imagino ainda as minhas netas e a sua geração a viver o espírito “Greenfest” todo o ano. Utopia? Talvez não…