O Greenfest, o maior evento de sustentabilidade do país, está de regresso a Braga, de 6 a 9 de junho, no Mosteiro de Tibães e segue para sul até Lisboa, entre 17 e 20 de outubro, no Campus da Universidade Nova de Carcavelos. A Ambiente Magazine falou com Pedro Norton de Matos, organizador do evento, para desvendar as maiores novidades desta edição.
Nas duas cidades, os locais que acolhem o Greenfest são novos. Em Braga, o Mosteiro de Tibães “é uma grande novidade porque nos dá todo um simbolismo, magia e uma alma muito grande”, começa por contar Pedro Norton de Matos. O Mosteiro de Tibães está rodeado por 40 hectares de floresta, recheada de biodiversidade, e apresenta um circuito de água que “levava a um maior aproveitamento quer da agricultura, quer da cozinha no dia-a-dia”, na altura em que era habitado por monges que “praticavam a economia circular de desperdício zero”.
Já em Lisboa, o evento deixa o Centro de Congressos do Estoril e muda-se para o Campus da Universidade Nova de Carcavelos, “um local fantástico para um evento destas características junto ao mar”. O responsável conclui que estes são dois locais icónicos que podem gerar um “efeito surpresa” e funcionar como “atrativo adicional”, resultando numa maior adesão ao evento.
Pedro Norton de Matos explica que “o ano passado correspondeu a todo um processo de consolidação desta temática que está, cada vez mais, na ordem do dia. Nós acreditamos que em Braga vamos ter maior afluência, porque também é o 2.º ano e este tipo de eventos consolidam-se com a frequência. Na zona Sul, é um evento já mais consolidado.”
Mas mais do que afluência ao Greenfest, o que se pretende é “criar aqui um movimento de consciencialização, de sensibilização, sobretudo, de um passar à ação. É curioso que a parte final da palavra sensibilização é ação e nós queremos as duas coisas”, argumenta.
O tema é o “Planeta Água”
Depois da sustentabilidade, o Greenfest 2019 recebe como tema o “Planeta Água”. A ideia, segundo Pedro Norton de Matos, é “fazer um zoom a alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para 2030 das Nações Unidas” mais ligados ao tema da Água. “Desde a água doce à água potável, água do mar, as alterações climáticas, a infraestrutura da água nas cidades, onde cada vez vivem mais pessoas, obriga a novos desafios para ter água ‘pura’ e a infraestrutura necessária para tal obriga também a grandes investimentos”, dá como exemplos.
O organizador do evento garante que a Água é “um mau exemplo de desperdício”, uma vez que “em Portugal a maior parte das cidades perde cerca de um terço de água potável”. Para Pedro Norton de Matos: “A nossa filosofia de utilização está errada. Foi adoptada numa atura em que se pensava que em Portugal o recurso de água seria inesgotável”, até à situação de seca extrema que Viseu atravessou em 2017. “Nós de facto temos de redesenhar esse circuito [da Água], repensá-lo, porque efetivamente há outras águas que podem ser utilizadas”, defende o responsável.
Objetivos De Sempre (ODS)
Pedro Norton de Matos afirma que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável se deveriam chamar “Objetivos De Sempre”, visto que “toda a gente concorda com eles”, e que as questões ambientais estão, cada vez mais, na ordem do dia e na própria agenda política, como se veio a comprovar pelo sucesso dos partidos mais ambientalistas nas Eleições Europeias.
Relembra ainda que o movimento pelo clima, criado pela jovem ativista Greta Thunberg, começou na Suécia que é um país “considerado mais desenvolvido no que diz respeito ao ambiente”. “Greta considera que os países mais desenvolvidos não estão a lidar com os compromissos que assumiram com eficácia. Este movimento nasce num sítio que deveria ser o último local onde se pensava que surgisse”, deixa como reflexão Pedro Norton de Matos.