O Green Climate Fund, fundo verde do clima, em português, foi apresentado durante a Green Business Week. O objectivo, de acordo com a consultora financeira Mariana Abrantes de Sousa, é que Portugal, que não é elegível para esta iniciativa, possa ser um intermediário junto dos países lusófonos. "O desafio que eu lancei aqui era para que Portugal pudesse ajudar os PALOP a prepararem-se para aceder ao fundo verde do clima", afirmou a responsável, que é também autora do blog PPP Lusofonia e que tem vindo a desenvolver este mesmo trabalho no Perú, em declarações à Ambiente Magazine após a apresentação. O Green Climate Fund foi criado em 2010 por um grupo de países que fazem parte do protocolo de Quioto- "Está com um processo de gestação muito longo, mas já está constituído, ao abrigo da Conferência das Nações Unidas", referiu, sendo que a administração já está a contratar staff para a sede na Coreia do Sul. "O objectivo é recolher fundos dos países desenvolvidos para apoiar os países em desenvolvimento nas iniciativas e projectos de mitigação das emissões de gases com efeito de estufa e na adaptação às consequências incontornáveis das alterações climáticas". Neste momento já há fundos de dez mil milhões de dólares comprometidos, sendo que espera-se que este valor possa ascender aos cem mil milhões de dólares. Por ser um fundo concursado e com resultados contratualizados, foi lançada uma chamada para credenciar intermediários nacionais que possam ajudar os beneficiários locais a aceder ao fundo, preparando e apresentando os projectos. "Mesmo a Guiné Bissau, que está entre os dez países mais vulneráveis a nível mundial, pode não conseguir aceder aos fundos se não apresentar um projecto consistente e que vá ao encontro das verdadeiras necessidades locais", referiu Mariana Abrantes de Sousa. O Perú tem consultores a fazer isso, São Tomé e Príncipe e Timor Leste já estão a trabalhar nesta área. Nos outros países não sei em que estado é que está, mas seria útil Portugal tentar garantir e promover algumas economias de escala, ajudando estes países a prepararem-se. E para países como a Guiné, tem de ser uma ajuda muito intensa". A responsável assevera que um projecto que tenha sido testado em Portugal, poderá ser replicado nos países lusófonos com acesso a estes fundos. Existem dois tipos de projectos: para a mitigação das emissões de carbono – como por exemplo projectos de energia renovável, eficiência energética, aterros sanitários, formas de transporte colectivo e florestação – e de adaptação às alterações climáticas, para aguentar os efeitos da mudança, como a amplitude térmica de extremos – projectos mais pequenos e variados, como a criação de reservatórios de água, fazer furos de água, melhorar cultivos ou relocalizar instalações públicas. "No Perú, um dos projectos era criar pátios cobertos nas escolas, nos Andes, a grandes altitudes, porque as crianças estavam a queimar-se no recreio. E assim elas podem correr sem tanta exposição aos raios solares". "Este não é um fundo que trabalha sozinho. Eles querem promover projectos que sejam eficazes, com resultados demonstrados. Se os projectos forem bem sucedidos, penso que depois haverá mais dinheiro para a replicação dos projectos em diversos sítios e diferentes países", reforça Mariana Abrantes Sousa. Não existe ainda um prazo fechado para a apresentação de propostas, mas de acordo com a consultora, haverá uma cerimónia de lançamento oficial em Junho em Paris, na qual será desejável ter projectos para apresentar em público. Por Rita Bernardo
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