A Grande Barreira de Coral da Austrália passa pelo mais grave processo de branqueamento já registado, segundo anunciaram cientistas, com 93% dos recifes, que integram a lista de património mundial da humanidade da Unesco, afetados. Após uma série de inspeções aéreas e submarinas, cientistas da Universidade James Cook de Townsville, no estado de Queensland (EUA), constataram que apenas 7% da Grande Barreira conseguiu escapar ao processo de branqueamento, que pode ser fatal para o coral.
A descoloração dos corais é provocada pelo aumento da temperatura da água, que expulsa as algas simbióticas que fornecem ao coral a sua cor e seus nutrientes. Os recifes podem ser recuperados caso a água volte a arrefecer, mas também podem morrer caso o fenómeno persista.
“Nunca havíamos observado este nível de branqueamento”, afirmou o professor Terry Hughes, diretor do grupo de trabalho especializado na questão, que coordena as atividades de 10 centros de pesquisas sobre o fenómeno.
Os danos variam entre o sul da barreira, onde os recifes poderiam ser rapidamente recuperados, e o norte, onde estão seriamente afetados.
Andrew Baird, da James Cook, acredita que o processo de branqueamento observado é sintoma de um problema global. “É um problema que não afeta apenas a Austrália”, advertiu, ao citar casos similares na Indonésia ou Maldivas.
A Grande Barreira é ameaçada pelo aquecimento global, os dejetos agrícolas, o desenvolvimento económico e a proliferação de acanthasters, estrelas de mar com espinhos que destroem os corais.
O local, de 345.000 km², evitou por pouco entrar na lista de áreas ameaçadas elaborada pela Unesco. A Austrália criou um plano de preservação de 35 anos para salvar a região, uma de suas maravilhas naturais.