O ministro do Ambiente anunciou ontem a entrega de 709 autocarros elétricos e a gás a diversas autarquias e a criação de dez mil quilómetros de vias cicláveis até 2030, na apresentação da Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa, noticiou a Lusa.
“Estamos num tempo de mudança”, disse João Pedro Matos Fernandes na cerimónia realizada no Barreiro, na qual o Governo também entregou o primeiro de 60 autocarros de energias limpas que irão renovar na totalidade a frota dos Transportes Coletivos do Barreiro (TCB).
O ministro do Ambiente e Transição Energética adiantou que uma das metas da tutela é que, até 2030, “um terço da mobilidade terrestre de passageiros seja elétrica”, pelo que espera um grande contributo das pessoas ao nível de “hábitos que têm que ser mudados”.
“Hoje, o tema forte desta intervenção não é a redução tarifária, mas sim a visão global que temos da mobilidade, destacando os investimentos em curso e o papel inovador que a mobilidade suave tem e terá no país”, referiu.
Um dos grandes investimentos é a aposta em transportes coletivos sustentáveis, movidos a gás natural ou eletricidade, estando prevista a entrega de 709 veículos em vários concelhos até ao final do ano. “Mudar significa apostar no transporte coletivo, modernizando as frotas, e o Barreiro é exemplar ao renovar a totalidade da sua frota de autocarros. Mudar significa este apoio à aquisição de 709 autocarros sustentáveis em todo o país”, frisou.
Os TCB receberam ontem o primeiro autocarro, mas até ao final do ano irão receber outros 59 veículos, que irão renovar a frota existente, de apenas 39 viaturas, num investimento total de 18 milhões de euros, dos quais 15 milhões a cargo da autarquia.
No total, já foram entregues “138 autocarros no país”, dos quais 15 elétricos e 33 a gás à Sociedade de Transportes Coletivos do Porto, 80 a gás à Carris, seis elétricos aos Transportes Urbanos de Braga, três elétricos em Aveiro e um elétrico em Guimarães.
Além dos investimentos no setor rodoviário, o governante realçou a renovação da frota da Transtejo, das composições dos metropolitanos de Lisboa e Porto, a expansão do metro de Lisboa e o lançamento das empreitadas, já em abril, para o metro do Porto, num total de cinco investimentos na ordem dos 750 milhões de euros, segundo João Pedro Matos Fernandes.
Ainda assim, defendeu que, para cumprir as metas e poder realmente “mudar”, é preciso apostar na mobilidade ativa. “Um país onde caminhar e pedalar são atividades seguras e amplamente praticadas, tornar a mobilidade ativa é a forma mais popular para percorrer curtas distâncias potenciando sinergias com o transporte público em todo o território nacional e melhorando significativamente a qualidade de vida dos portugueses”, sustentou.
É, neste sentido, que o Governo pretende construir dez mil quilómetros de vias cicláveis até 2030, sendo que atualmente apenas existem dois mil quilómetros, o que representará um investimento de “300 milhões de euros para aumentar a quota de deslocações em bicicleta para 7,5%”, de acordo com o governante.
Este é um dos projetos âncora que o ministério do Ambiente incluiu no Plano Nacional de Investimentos e, para que se comece a concretizar, no próximo mês de abril o Governo vai lançar um aviso de oito milhões de euros, a partir do Fundo Ambiental, para que se inicie “a construção das primeiras ciclovias por promoção municipal”.
“É o tempo dos transportes coletivos, é tempo de mudança, de uma mudança significativa, inteligente, ao serviço das pessoas e também ao serviço da descarbonização do ambiente”, concluiu.