O ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, disse ontem que está ao lado dos suinicultores, que têm passado por “momentos muito difíceis”, mas salientou que têm de cumprir a legislação ambiental como todos os outros produtores. À chegada ao Mercado de Sant’Ana, em Leiria, onde se realiza a Gala Porco d’Ouro, Capoulas Santos foi abordado pelo deputado do Bloco de Esquerda, Heitor de Sousa, que se encontrava com cerca de 20 pessoas a protestar contra os impactos ambientais das suiniculturas.
“A minha presença aqui foi a convite dos suinicultores, que têm atravessado momentos muito difíceis, com quebra de rendimento continuado durante vários meses. Felizmente parece estar a ser ultrapassada. Houve uma recuperação, depois de um conjunto de medidas e com uma nova situação de mercado. Há dois meses que os preços vêm a crescer sustentadamente – cresceram cerca de 60% -“, salientou o ministro, citado pela Lusa.
Capoulas Santos considera que esta recuperação dá “algum alívio” apesar da “acumulação de prejuízos da qual os produtores ainda não se libertaram”.
“A minha presença aqui visa também dar-lhes uma palavra de estímulo, mas como quaisquer outros produtores têm de respeitar as regras ambientais que estão plasmadas na legislação nacional e comunitária. Se queremos empresas que dêem rendimento e que sejam sustentáveis, queremos por outro lado que elas não se façam à custa ambiental desnecessária e incomportável”, frisou o governante.
Heitor de Sousa entregou um manifesto ao ministro, onde evidencia o “descontentamento pelo desrespeito e dano ambiental causado pela atividade suinícola, que diariamente contamina as águas do rio Lis”. “Trata-se de um problema de saúde pública. As análises que foram feitas ao rio Lis sobre a qualidade da água revelam um agravamento da qualidade das águas motivadas por resíduos”, denunciou.
Capoulas Santos adiantou que o Governo defende uma “agricultura sustentável, amiga do ambiente”. “Sei que no passado o Estado já investiu valores avultados, que se revelaram um fracasso. Neste momento é uma matéria que está fora do Ministério da Agricultura. É gestão própria do Ministério do Ambiente, que naturalmente estará preocupado. É necessário encontrar rapidamente soluções que permitam minimizar e resolver este problema, que infelizmente é recorrente e incompatível com uma agricultura moderna e sustentável”, sublinhou Capoulas Santos.
O ministro acrescentou que “hoje há soluções tecnológicas e existe uma legislação ambiental que é rigorosa e que tem de ser respeitada por todos”.
As descargas para o rio Lis são uma situação que se arrasta há várias governações e a ETES prevista ainda não foi construída. “Infelizmente constatamos que assim é. Há que acabar com esse ciclo de uma vez por todas. Estamos a iniciar uma fase de execução de um programa do novo quadro comunitário de apoio, onde a questão ambiental tem uma grande relevância e onde espero que se encontrem soluções para este problema, que sei que martiriza estas populações há muito tempo”, referiu ainda.