Esta foi um dos objetivos apresentados pelo Secretário de Estado da Energia, Jean Barroca, durante o encerramento da conferência “Qualificar Portugal para uma Economia do Biometano”, organizada pela Goldenergy e pela AXPO.
Explicando a relevância do “biometano como um dos elementos da transição energética do país”, esta é uma “tarefa multidimensional e complexa que nos convoca a todos: Governos, centros de investigação, empresas e reguladores”.
“Para o Governo, é imperioso o esforço da descarbonização da economia no qual a transição energética é um elemento fundamental que se traduz em benefícios reais para as empresas, para a atração de investimento e, acima de tudo, para a qualidade de vida das pessoas”, continuou o Secretário de Estado, acrescentando que “estamos conscientes que persistem desafios relevantes que exigem uma ação estratégica e coordenada. A concretização desta mudança de paradigma impõe uma série de desafios complexos que exigem uma atenção estratégica e ação coordenada para garantir o cumprimento das metas estabelecidas no PNEC 2030″.
Jean Barroca relembrou as novas ambições do Governo neste plano, como a redução em 55% das emissões de gases com efeito de estufa até 2030 (face aos valores de 2005) e a incorporação de energia renovável no consumo final bruto de pelo menos 51%, acima da meta anterior de 47%. Outros pontos do PNEC passam pela diversificação das fontes de energia, através da promoção do hidrogénio verde e dos biocombustíveis avançados, a redução compressiva do uso de gás natural com aumento da incorporação de gases renováveis, o reforço da exploração do potencial de energias renováveis, com foco nas tecnologias solar e eólica, onshore e offshore, o aumento da capacidade instalada de produção de eletricidade, proveniente de fontes renováveis, para o dobro, até o final da década e a antecipação, para 2026, da meta de 80% de energia renovável na produção de eletricidade. Por último, a redução da dependência energética do país para 65% – “são objetivos ambiciosos, mas exequíveis e ponderados”, garante o Secretário.
Posto sito, “temos uma forte oportunidade de fazer crescer um setor, com ênfase principal no setor industrial, onde a descarbonização passará à utilização progressiva de gases renováveis, como o hidrogénio verde ou biometano”.
O atual plano de ação para o biometano estabelece uma ambição de 3,7TW em 2030, o que representaria 9,1% do consumo total de gás nesse ano, com 5,6TW em 2040, o que representaria 18,6% face ao consumo de 2030. Para a sua execução, até 2026 deverá ser um criado um mercado de biometano e depois o dito quadro regulatório e a política pública de incentivos.
“O biometano representa uma oportunidade que não podemos descurar. Um vetor energético capaz de contribuir significativamente para a descarbonização, a redução da nossa dependência energética e a valorização dos recursos endógenos. O biometano tem, ainda, o potencial de desempenhar um papel crucial na mitigação de um dos desafios permentes em Portugal, o esgotamento dos aterros e a gestão sustentável dos resíduos agrícolas e pecuários locais”, concluiu o Secretário de Estado da Energia.
A Conferência “Qualificar Portugal para uma Economia do Biometano” aconteceu esta terça-feira, 25 de março, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, sob a presença de diferentes players dos setores da energia, dos resíduos e da agricultura.