O futuro de um milhão de metros cúbicos de pinho a abater no Pinhal de Leiria em sequência dos fogos de 15 e 16 de outubro está a preocupar o Governo, admitiu ontem, na Marinha Grande, o secretário de Estado das Florestas. Miguel Freitas, que, com a secretária de Estado do Turismo, reuniu com a presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande e representantes da Comissão Popular de Defesa do Pinhal de Leiria, anunciou que o Governo está a preparar um plano de corte das árvores atingidas pelo fogo e um programa especial para escoar a madeira, refere a agência Lusa.
“Estamos preocupados como vamos fazer entrar esse milhão de metros cúbicos [de madeira] no mercado. Isso tem de ser devidamente programado”, sublinhou o secretário de Estado das Florestas. Miguel Freitas disse que “este pinho não vai entrar todo este ano no mercado. Vai levar dois, três anos”, prometendo para breve a criação de “parques de madeiras” e maior “rigor das respostas para o Governo neste matéria”.
A intervenção para retirar a madeira ardida terá consequências para lá da economia, vincou, pois terá impacto na população. “Temos bem a consciência do impacto psicológico que vamos ter junto da população quando começarmos a cortar o pinhal. Vamos ficar com um buraco de cerca de sete mil hectares, que, evidentemente, vai ter um impacto enorme junto das populações”.
Na Marinha Grande, os secretários de Estado foram mostrar “que estas populações não estão sozinhas no sofrimento que têm relativamente ao incêndio”, que “praticamente destruiu todo o pinhal”, prometendo para dentro de quatro meses a apresentação do projeto florestal para o Pinhal de Leiria:
“Não queremos que seja apenas um projeto florestal. Julgamos que esta é a oportunidade para construir um projeto neste Pinhal do Rei que seja articulado entre vários ministérios, com várias valências. Que seja um projeto florestal, mas também social”.
Miguel Freitas disse perceber “a ansiedade” das populações, que reclamam uma intervenção rápida na área ardida: “As pessoas estão à espera de ação e nós estamos muito determinados em fazer. Mas há aqui um tempo de programação que espero que compreendam”, afirmou.
Esse projeto “tem de ser percebido, vivenciado e participado pelas populações”, desejando-se que seja “uma marca importante para este território, mas sobretudo uma referência nacional”. “É muito importante que todo o país perceba aquilo que estamos aqui a fazer. Não é só uma questão da Marinha Grande”, referiu o secretário de Estado das Florestas.
No curto prazo, dentro de duas semanas, acontecerá a primeira intervenção, para estabilizar de emergência dos solos. “Vai corrigir o chamado regime torrencial, para não termos problemas nas linhas de água. Queremos fazer isso com as pessoas, porque há aqui uma grande vontade da população da Marinha Grande de participar em tudo”, nota o governante.
Esses trabalhos serão promovidos pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas, coordenado pelo município “mas muito participada pelos movimentos de cidadãos e pelas pessoas. Estamos cá para trabalhar com todos aqueles que quiserem colaborar”, disse Miguel Freitas.