Segundo avança hoje o Diário de Notícias, o governo pediu ao regulador da energia, a ERSE, um estudo sobre o impacto da mobilidade elétrica e os contadores inteligentes na rede de energia nacional. O objetivo é perceber quais os custos e benefícios para o mercado, na perspetiva de utilização da rede elétrica, e também para os comercializadores e consumidores finais, do crescimento dos carros elétricos e do alargamento da rede de abastecimento para estes veículos.
“A mobilidade elétrica e os contadores inteligentes são duas peças essenciais para a gestão inteligente da energia em Portugal”, diz, em declarações ao DN/Dinheiro Vivo, o secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches.
“O governo determinou a realização de uma avaliação económica e de um estudo de longo prazo de todos os custos e benefícios para o mercado, designadamente para operadores de rede, comercializadores e para o consumidor individual, que determine qual o modelo de sistema de contadores inteligentes economicamente mais racional e o prazo para a sua instalação”, acrescenta o responsável.
No âmbito desse estudo sobre contadores inteligentes solicitou-se ainda à ERSE uma avaliação do impacto para o sistema da instalação de pontos de carregamento de veículos elétricos, nomeadamente nos condomínios.
A mudança no modelo que se está a verificar no mercado da energia será impulsionada com algumas alterações legislativas realizadas recentemente, que abrem novas oportunidades. Em causa está, por exemplo, a possibilidade de ser instalada nas garagens dos condomínios uma box ou um ponto de carregamento para os carros elétricos, pagos em separado das contas do condomínio através de um cartão de pontos do comercializador.
Os hipermercados também podem já avançar com um cartão de abastecimento para carros elétricos, à semelhança do que já acontece com os combustíveis fósseis, através de parcerias com os comercializadores.
Para Jorge Seguro Sanches, a mobilidade elétrica é “apenas um dos muitos desafios que enfrenta o setor elétrico nacional, com forte impacto futuro na vida quotidiana dos consumidores portugueses”. Em causa está também o maior número de contadores inteligentes, que permitem otimizar os consumos e reduzir os gastos para os consumidores, trazem desafios, nomeadamente no que diz respeito aos custos da rede.
O mesmo acontece com a otimização do consumo gerada pelas redes inteligentes – que, no limite, podem permitir que um consumidor particular que tenha investido em microgeração seja autossuficiente e deixe de aceder à rede.
Assim, uma menor utilização implica que existem menos consumidores a pagar o mesmo valor pela infraestrutura. E o cada vez maior número de carros elétricos e alargamento de postos de abastecimento para a mobilidade elétrica – a Mobi.e tem já mais de 500 pontos de carregamento e vai ser alargada em mais 200 – sobrecarregam a rede de energia. São estes impactos para a rede e para os consumidores que o governo quer saber.
*Foto de Reuters