O Governo do Botsuana anunciou que não encontrou novas carcaças de elefantes durante buscas aéreas realizadas em mais de uma semana, acrescentando que as investigações laboratoriais aos corpos de paquidermes continuam sob análise, noticiou a Lusa.
“O Ministério do Ambiente, Conservação de Recursos Naturais e Turismo deseja informar os membros do público que, após as misteriosas mortes de elefantes em áreas perto de Seronga [local perto do Delta do Okavango, norte do Botsuana] desde março de 2020, uma equipa de inspeção aérea conjunta, composta por cientistas do Departamento de Vida Selvagem e Parques Nacionais e da [organização não-governamental] Eco-exist, concluiu os seus trabalhos em dois setores [geográficos] analisados, NG11 e NG12, e em parte do setor NG13”, refere um comunicado à imprensa emitido por Gaborone.
No documento, partilhado na plataforma de microblogues Twitter, o executivo refere que a equipa conjunta “começou os seus trabalhos há mais de uma semana” e a inspeção das áreas junto do Delta do Okavango deve estar completa em 30 de julho. “Até à data, não foram observadas novas mortalidades durante as inspeções”, lê-se no comunicado.
No documento, o Ministério do Ambiente refere que recebeu alguns dos resultados laboratoriais às carcaças encontradas nos meses anteriores.
Os testes, divididos por cinco países (Botsuana, África do Sul, Reino Unido, Zimbabué e Estados Unidos), pretendem verificar a deteção de bactérias ou vírus e integram ainda análises toxicológicas e histopatológicas. De um total de 10 testes realizados, o Governo do Botsuana diz ter recebido metade e que estes “estão a ser analisados” pelas autoridades.
No início de julho, autoridades e organizações não-governamentais do Botsuana anunciaram a morte de centenas de elefantes na região turística do Delta do Okavango durante os últimos meses, suspeitando de uma doença misteriosa.
Então, citado pela agência France-Presse, o diretor de parques nacionais e vida selvagem do Botsuana, Cyril Taolo, confirmou a morte de pelo menos 275 elefantes.
Por outro lado, um relatório da organização não-governamental Elefantes Sem Fronteiras (EWB), datado de 19 de junho, registou a morte de 356 elefantes naquela região. “Observou-se que os elefantes vivos estavam muito fracos, letárgicos, e alguns desorientados e com dificuldade em mover-se”, refere o relatório da EWB, acrescentando que os machos e as fêmeas de todas as idades pareciam ser afetados por uma “doença misteriosa”.
Localizado entre a Zâmbia, Namíbia e África do Sul, o Botswana alberga cerca de 130 mil elefantes em liberdade, um terço da sua população africana conhecida.
Em 2018, a EWB gerou controvérsia ao afirmar ter identificado 90 carcaças de elefante, uma situação descrita na altura pelo diretor da ONG, Michael Chase, como o “episódio mais grave de caça furtiva em África”.
O Governo do Botswana negou então fortemente estes números, argumentando que a ONG tinha na realidade contado apenas 53 carcaças de elefante, a maioria das quais tinha morrido “devido a causas naturais ou a conflitos entre homem e vida selvagem”.