Governo afirma que Portugal não explora lítio, mas que o metal é extraído com outros minérios
Portugal não tem hoje explorações de lítio, mas o metal é extraído em minas em associação com quartzo e feldspato, sendo utilizado na indústria da cerâmica, afirmou ontem à agência Lusa o Ministério do Ambiente e Ação Climática.
Em resposta às questões enviadas por escrito pela Lusa, fonte oficial do ministério liderado por Matos Fernandes esclareceu que “não existe exploração de lítio em Portugal”, referindo que “o que existe são contratos de concessão de exploração onde o lítio consta como substância que pode vir a ser explorada na sequência de prévio procedimento de avaliação de impacte ambiental (AIA), como são os casos da Mina do Barroso, em Boticas (Vila Real), e Romano, em Montalegre (também no distrito de Vila Real).
No entanto, o lítio é hoje extraído em Portugal “em associação com o quartzo e feldspato e é apenas utilizado no processo fundente das pastas cerâmicas, para baixar o ponto de fusão, diminuindo assim o consumo energético”, acrescenta a mesma fonte. Esta situação acontece em minas como Alvarrões, na Guarda, Formigoso, Porto Vieiro e Seixalvo, em Ponte de Lima (Braga), e Gondiães e Lousas, em Boticas.
O interesse pelo lítio português despertou em 2016, ano em que deram entrada 30 novos pedidos de prospeção e pesquisa deste metal, e recentemente várias associações ambientalistas, câmaras municipais e população têm-se manifestado contra a prospeção e exploração de lítio, com o Governo a defender, por outro lado, que aquele recurso é essencial para a transição energética.
De acordo com o Boletim de Minas – Edição Especial Lítio 2017-18, “Portugal é o país da União Europeia com maiores reservas de lítio e reconhecido potencial para aumento destas”, estando concentradas na zona norte e centro, sobretudo no território onde abundam os granitos. Mundialmente, as grandes reservas de lítio situam-se nos EUA, na Argentina, no Canadá, no Chile, na China e no Brasil.
O lítio, o mais leve dos metais, tem vindo a assumir crescente importância na economia mundial, devido ao seu papel no processo de transição energética em curso, nomeadamente na mobilidade elétrica e no armazenamento de energia. Entre as principais características do lítio destaca-se a condutividade elétrica, ser o metal mais eletronegativo e conferir elevada resistência mecânica e resistência ao choque térmico em cerâmicas e vidros. Como tal, é utilizado no fabrico de baterias de iões de lítio, em ligas metálicas, produção de lubrificantes para máquinas que trabalham submetidas a altas temperaturas, fabrico de cerâmicas e vidros com resistência ao calor, entre outras.
“A importância do lítio fez disparar o valor há cerca de dois anos, quando o preço do mineral mais do que triplicou, de sete para 27 dólares devido ao plano de descarbonização da China. A produção de carros elétricos cresceu 200% num ano, o que fez com que a procura por compostos de lítio superasse a oferta, fazendo disparar o preço depósitos minerais de lítio”, lê-se no Boletim de Minas, divulgado pela Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG).