Gestão das florestas deficiente no topo das preocupações com pinheiro bravo
O secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Amândio Torres, disse hoje que a deficiente gestão ativa das florestas está no topo das preocupações relacionadas com a fileira do pinheiro bravo. “As preocupações relacionadas com o pinheiro bravo traduzem-se fundamentalmente, em primeira mão, com a deficiente gestão ativa das florestas. Mais de 80% da floresta portuguesa é privada e existem dualidades na área da gestão”, alegou.
No final de uma reunião do conselho geral do Centro de Competências do Pinheiro Bravo, que decorreu em Vouzela, Amândio Torres sublinhou que as debilidades na área de gestão da floresta fazem com que sejam criadas condições para a propagação de incêndios, para além de trazerem problemas de ordem fitossanitária. “Estes problemas seriam mais resolvidos se houvesse uma gestão mais ativa, pois quando se faz a gestão valorizamos o produto e, ao valorizar o produto, temos tendência a protegê-lo mais. Há aqui um ciclo que temos de romper em definitivo e isto é um contributo para esse efeito, juntando na mesma mesa e fórum as pessoas e as partes interessadas, com o Estado a funcionar como entidade facilitadora”, justificou, citado pela Lusa.
Aos jornalistas, apontou ainda a importância dos centros de competência, que “focam a investigação de acordo com as necessidades dos agentes económicos”. “Neste caso, faz-se investigação do pinheiro bravo para resolver problemas de melhores produtividades no terreno, maior produção florestal que se vai transformar num benefício para quem produz madeira. Vai abrir também um setor de investigação para a exploração de novos produtos resultantes da produção florestal, com novas utilizações da madeira”, acrescentou.
De acordo com o secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, em Portugal é muito pouco comum a utilização da madeira em construção, ao contrário do que acontece em países do norte da Europa. “Utilizam a madeira para construir habitação própria e até edifícios públicos. Abrir a estes novos produtos é para o que o centro de competência serve, analisando prós e contras e caminhos a seguir”, referiu.
Durante a primeira reunião do conselho geral do Centro de Competências do Pinheiro Bravo – em que foi aprovado o plano de atividades e a agenda de investigação para o setor do pinheiro bravo em Portugal – as entidades presentes identificaram ainda a necessidade de haver uma maior comunicação com o público-alvo. “Em tempos havia publicações muito simples do Ministério da Economia, com linguagem simples para pessoas do terreno. Em verdade, um sistema desses, acompanhado paralelamente de um sistema digital de informação que hoje está vulgarizado, é um caminho que foi hoje aqui identificado como necessário de realizar”.
Amândio Torres defendeu ainda que a boa utilização e gestão dos recursos endógenos são o grande desafio do futuro, depois de terem sido feitos saneamentos, estradas e rotundas. “Não utilizando aquela palavra feia que é fora do litoral, não é interior, é fora do litoral, temos um mundo de oportunidades com base nos recursos endógenos enorme, mas muitas vezes faltam-nos as pessoas para fazer a operacionalização desses recursos. O fator pessoas é fundamental e o processo de baixa demográfica tem afetado zonas onde diminui a massa crítica para avançar com novos projetos e ideias”, concluiu.