O último dia da Portugal Smart Cities reuniu profissionais do setor da água para debater a gestão deste recurso, no âmbito das cidades inteligentes. Um dos intervenientes foi Rui Sá Morais da AGERE, empresa municipal responsável pelo abastecimento de água no concelho de Braga, que falou da sua experiência enquanto entidade que reduziu a sua água não faturada de 28% para 10% numa década.
Esta melhoria significativa permitiu à empresa uma poupança de 10 milhões de euros por ano, que pôde e esttá a ser usada em outros investimentos a rondar os 30 milhões, como é o caso de uma nova ETAR.
Além disso, a AGERE conseguiu, nos últimos anos, baixar o tarifário em cerca de 30%: “o nosso maior stakeholder é o munícipe, é a quem temos de prestar serviço”, frisou Rui Sá Morais.
Por sua vez, as Águas do Porto continuam a inovar na gestão dos recursos hídricos, estando agora a tratar de um projeto Porto + Permeável, que pretende tornar o território num género de cidade esponja, através da simbiose entre infraestruturas azúis e verdes. O engenheiro Rúben Fernandes clarificou, contudo, que “as soluções de base natural são tudo menos baratas”, mas acarretam vários benefícios.
Esta entidade está também a criar um digital twin das redes, para ser mais fácil prever e antecipar ocorrências de inundações, através da sensorização.
Já Carlos Martins da EPAL centrou a sua intervenção na necessidade de inovação e no facto de, em Portugal, existir “um défice de conhecimento sobre a rede”, sendo que cada entidade gestora conhece a sua rede, mas não há um saber geral de todas as redes no país.
Nesta mesa-redonda foi ainda apresentando o Plano de Drenagem de Lisboa, que já está a produzir os primeiros avanços, sendo que no início de 2025 será lançada a monitorização da rede. Neste momento, está em andamento a construção dos túneis Monsanto-Santa Apolónia e Chelas, num investimento de 140 milhões de euros, de um plano geral que ronda os 200 milhões.
Por fim, o exemplo do stress hídrico vivido no Algarve foi apresentado por António Pina da AMAL, que considera fundamental “dar mais poder ao regulador”, não podendo “deixar na mão dos autarcas a boa vontade da gestão da água”. Defendeu ainda que é preciso “definir um nível de perdas razoáveis para os sistemas” e que aplicar uma tarifa não deve ter implicâncias políticas.
A 10.ª edição da Portugal Smart Cities Summit decorreu de 8 a 10 de outubro na FIL, no Parque das Nações, e a Ambiente Magazine foi media partner do evento.