Gerir os serviços da Água vai obrigar à inovação e à digitalização do setor, diz ministro do Ambiente

É notório o investimento que tem sido feito no setor da Água: “Mais que duplicamos a percentagem de população servida com água segura nas torneiras. E multiplicamos por cinco o número de bandeiras azul em Portugal”. Ainda assim, no desafio que Portugal tem pela frente, a inovação vai desempenhar um papel de maior importância. Quem o diz é João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, que falou esta segunda-feira na apresentação da estratégia “Inovação 360º” do Grupo Águas de Portugal.

“É verdade que a água não deixa de ser a utilitie mais barata que existe e, por isso, foi aquela onde a inovação demorou mais tempo a chegar”, diz Matos Fernandes, constatando que “é tempo de lançar mão das ferramentas que a inovação nos pode pôr ao dispor para fazermos melhor num futuro mais próximo”. Perante as várias dificuldade que se apresentam, o ministro do Ambiente afirma que está cada vez mais presente a necessidade de “encontrar um modelo de gestão que equilibre resiliência, eficiência e adaptabilidade”, sendo que a “chave para a transição reside em comunidades de prática que envolvam todos os agentes e níveis elevados de colaboração, partilhando perspetivas, interesses e necessidades e coproduzindo conhecimento”. Por isso, é fundamental um novo olhar e uma nova visão: “Uma visão que nunca rejeite o passado mas que não ignore o sistema que rodeia o setor e as necessidades desse mesmo sistema”, defende.

Na ótica de Matos Fernandes, este é o momento de preparar, em Portugal, a “necessidade de realização de investimentos públicos que permitam dinamizar a economia de imediato”, centrados nos “desafios societais que se colocam a nível nacional, europeu e mundial” e que “gerem benefícios a longo prazo” para a sociedade e para a economia. E gerir esses serviços terá obrigatoriamente que compreender a “inovação” e a “digitalização” do setor. E isso: “Significa manutenção preventiva para uma melhor gestão das infraestruturas. Significa tratar para reutilizar. Significa garantir a articulação entre os sistemas em Alta e Baixa. Significa evitar as perdas de água. Significa termos estações de tratamento que sejam verdadeiramente biorrefinarias, gerando produtos, energia e água para melhor servir as populações, a indústria  e a agricultura. Significa dar um passo muito grande para ser neutro em carbono. Significa também fechar ciclos tal como o ciclo de água enquanto o ciclo natural nos ensina”, sustenta.

Os desafios de reduzir 30% as perdas e os ganhos económicos que daí resultam ou os ganhos ambientais que daí são consequência passam, segundo o ministro, pela “introdução de sistemas inovadores de gestão”, pela “inteligência artificial a ajudar a detetar fugas” e, por “conseguir gerir a rede com muito mais conhecimento”. Assim, o “esforço da inovação tem mesmo que ser acompanhado pelo esforço de formação” de todos os que trabalham no setor: “Já lá vai muito o tempo em que o setor da água é um setor de luvas grossas e de botas cardadas. Esse já não é mesmo o setor da Água”. E o “próximo ciclo de financiamento comunitário tem que fazer jus a esta transformação, não deixando de investir naquilo que são as necessidades infraestruturais que o país ainda tem”, defende. Um “salto de gestão” é aquilo que urge ao setor: “Isso resulta mesmo da capacidade de gerar ativos, de introduzir processos e tecnologias inovadoras e de um muito maior alegrado conhecimento avançado, técnico e claro e para os profissionais do setor”, remata.