O GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente participou na consulta pública da Central Fotovoltaica da Sobreira de Baixo, que terminou esta segunda-feira, expressando preocupações face aos seus impactes e propondo medidas para os mitigar e compensar.
O grupo concorda com a aposta em energia solar em Portugal e com a otimização dos pontos de injeção na rede, mas no caso do território do Alqueva, alerta para os impactes ambientais e sociais cumulativos da instalação de quatro centrais fotovoltaicas de grandes dimensões, “que não são adequadamente considerados nos estudos de impacte ambiental”.
“Parece também haver falta de planeamento estratégico e pouca clareza sobre a viabilidade técnica da utilização do ponto de injeção na rede de transporte de eletricidade da barragem do Alqueva para uma capacidade solar total que é mais do dobro da capacidade de injeção”, afirma ainda o GEOTA.
Existem quatro centrais solares em fase de licenciamento, tratando-se, no total, de 1,3 GW de potência instalada (1.232 MW de fotovoltaico e 70 MW de eólico). Caso todos os projetos avancem, as centrais solares ocuparão uma área total de cerca de 1.700 hectares.
O GEOTA alerta que é necessário esclarecer a compatibilidade dos quatro projetos para injetar eletricidade na subestação do Alqueva, assegurando a estabilidade da rede e um reduzido nível de curtailment da produção. “Estes projetos, dada a sua dimensão individual e cumulativa, terão impactes negativos, significativos e em parte irreversíveis nos solos, linhas de água, paisagem, fauna e flora num território com valor ecológico relevante. Os estudos de impacte ambiental destacam a presença de várias espécies de fauna e flora ameaçadas e emblemáticas nas áreas propostas para as centrais solares, incluindo evidências da presença recente de lince ibérico”.
Por exemplo, só a construção das centrais solares da Sobreira de Baixo e do Alqueva irá implicar o abate de 460 azinheiras e 22 sobreiros adultos.
“Falta um planeamento integrado que olhe para estes projetos no seu conjunto e defina medidas para, em primeiro lugar, mitigar os seus impactes negativos e, em segundo lugar, promover a melhoria das condições ecológicas nas zonas afetadas e providenciar benefícios e oportunidades para as comunidades locais” diz Miguel Macias Sequeira, vice-presidente do GEOTA.