A organização ambientalista GEOTA distingue o melhor e o pior na conservação dos rios, do papel dos Passadiços do Paiva na preservação do ecossistema às “más decisões” de sucessivos ministérios do Ambiente.
Os prémios Guarda-Rios, de acordo com a Lusa, serão hoje entregues num jantar de gala em Lisboa e foram escolhidos entre nomeados pelo público e pelo próprio Grupo Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente.
O GEOTA elegeu os passadiços de madeira na margem esquerda do rio Paiva, no concelho de Arouca, como “uma verdadeira homenagem às águas bravas e à vida que este sistema proporciona” e atribuiu-lhes o “prémio Guarda-Rios”.
O “Prémio Guarda-Rios de Luto” vai para o Ministério do Ambiente, que “desde o primeiro governo de Sócrates [2005]” e ao longo de sucessivos titulares tem tomado “más decisões”, desde um programa de barragens “ineficientes, caras para os contribuintes e com impactos gigantescos.
“A atribuição baseia-se ainda na fraca prestação das autoridades nacionais na gestão dos recursos hídricos, e na sua incapacidade de tomar decisões de forma transparente e consultada”, refere o GEOTA em comunicado.
O público escolheu a Liga para a Proteção da Natureza, uma organização governamental que existe há 70 anos e que luta pela “função ecológica e social dos cursos de água”, considera o GEOTA, com projetos como o Life Saramugo, que desde 2014 promove a conservação do saramugo, um peixe de rio que está em “pré-extinção” na bacia nacional do Guadiana.
Pela negativa, o público escolheu a empresa de celulose Celtejo, de Vila Velha de Ródão, à qual foi atribuído o “prémio Guarda-Rios de luto” pelas “descargas efetuadas no rio Tejo que colocam em risco fauna, flora e populações”.
Uma menção honrosa vai para a comunidade da Aldeia do Sistelo, cujos 300 habitantes foram decisivos “na contestação à construção de uma hidroelétrica proposta para o rio Vez, que alterava para sempre uma das sete maravilhas de Portugal”.
Nos antípodas, o GEOTA atribuiu uma “menção desonrosa” para um projeto aprovado para o aproveitamento hidroelétrico na Ribeira Grande, na ilha açoriana das Flores, “cujos benefícios são teóricos”, mas que “acabará por avançar a não ser que algo de maior peso coloque o dedo na ferida”.