Recentemente, foi anunciado um novo projeto de uma grande central fotovoltaica, em Casal da Valeira e Vale Pequeno, no concelho da Chamusca, que implica o abate de 675 sobreiros, uma espécie protegida pela lei.
O GEOTA participou na consulta pública e chumbou este projeto, por considerar que é necessária uma análise custo-benefício correta de cada projeto e que o impacto ambiental desta ultrapassa os seus benefícios económicos. Há pouco tempo, já tinha sido licenciado o projeto da maior central solar da Europa, a central Fernando Pessoa, em Santiago do Cacém. Este projeto possui 1200 hectares impossibilitando compatibilizar com quaisquer outras atividades no território e que vai implicar o corte de 1,5 milhões de árvores.
Existem vários projetos de grandes centrais solares fotovoltaicas que provocaram o abate de centenas de sobreiros, azinheiras e carvalhos, ou que ainda aguardam o parecer do ICNF para o abate, diz GEOTA:
- a CSF da Margalha – Gavião – Portalegre – 2350 sobreiros e azinheiras;
- a CSF do Carregado – Alenquer – 575 sobreiros;
- a CSF da Cerca – Alenquer – dezenas de sobreiros isolados;
- a CSF da Torre Bela – Azambuja – 520 sobreiros;
- a CSF do Fajarda – Penamacor – 70 sobreiros e azinheiras;
- a CSF do Juncal – Penamacor – 54 sobreiros e 395 azinheiras;
- a CSF de Outiz – Famalicão – 300 sobreiros;
- a CSF do Divor – Évora – sobreiros e dezenas de oliveiras;
- a CSF de S. João de Ver – Santa Maria da Feira – 471 sobreiros adultos e 1774 sobreiros jovens;
- a CSF da Quinta das Nogueiras – Fundão – Abate de uma zona de carvalho negral, destruindo o habitat natural de cegonhas brancas;
- a CSF da Freguesia de Pegões – Vendas Novas – 3024 sobreiros e azinheiras.
Relembre-se que Portugal é o maior produtor de cortiça do mundo, mas um sobreiro demora 25 anos para começar a produzir cortiça e, somente numa década, abateram-se milhares de árvores desta espécie. Por isso a empresa, em comunicado à imprensa, defende que “a transição energética não pode ser feita à custa da destruição do ambiente”.
O GEOTA e as restantes ONGA da Coligação C6 exigem uma avaliação ambiental estratégica para que seja o Governo a indicar onde e como serão instaladas as novas centrais, não devendo essa decisão ser deixada apenas aos promotores.
De momento, encontra-se em consulta pública um estudo pelo LNEG que identifica as zonas em que não há impedimentos à construção de projetos de energias renováveis, concluindo que 12% do território, cerca de dez mil km2, pode ser utilizado para a instalação de projetos de energia renovável. A mesma entidade publicou um outro estudo onde apresenta o potencial das áreas industriais para produção de energia solar fotovoltaica, destacando que cerca de 60% das áreas industriais podem produzir mais de metade da energia que consomem utilizando apenas 5% das coberturas dos seus edifícios. A utilização das áreas circundantes às zonas industriais poderá aumentar até seis vezes mais a capacidade de geração fotovoltaica do que a total planeada para Portugal em 2050.
A estes estudos do LNEG juntam-se outros que apontam para o potencial de Portugal para produzir energia solar fotovoltaica nos telhados de edifícios que poderiam gerar até 50% do consumo de eletricidade no país, mas as comunidades de energia renovável continuam sem se desenvolver.