De acordo com o relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) – Breaking the Plastic Wave -, citado pelo GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território), atualmente, onze milhões de toneladas de plástico são despejados nos oceanos, todos os anos, sendo o equivalente a um camião de lixo a cada minuto. “Se as políticas atuais se mantiverem, os resíduos sólidos urbanos de plástico deverão duplicar até 2040, o plástico despejado nos oceanos deverá quase triplicar e a quantidade de plástico nos oceanos, poderá vir mesmo a quadruplicar até esta data”, alerta o GEOTA.
No âmbito do Dia do Combate à Poluição, que se assinala a 14 de agosto, o GEOTA apela para a mudança dos hábitos de consumo e de novas políticas que alterem a economia do plástico.
“Proibir sacos de plástico, apanhar lixo nas praias, reciclar, ou comprar uma garrafa de vidro, apesar de essencial, não será suficiente para conter a poluição dos oceanos. A redução dos resíduos plásticos requer políticas sistémicas e não ações pontuais. A necessidade de reduzirmos os resíduos plásticos é mais do que importante, é urgente”, alerta João Dias Coelho, presidente do GEOTA.
Segundo o GEOTA, os atuais compromissos dos governos e da indústria apenas reduzirão a quantidade de plástico despejado no oceano em 7%, até 2040. O plástico que permanece no oceano, durante centenas de anos, não é biodegradável e a quantidade acumulada, com as atuais políticas, poderá atingir as 600 milhões de toneladas, até 2040, sendo o peso equivalente a mais de 3 milhões de baleias azuis.
Um país pode implementar a utilização de plástico reciclado, mas se não tiver processo de recolha, sistema de reciclagem e mercado para o material ser reutilizado, não existe qualquer impacto significativo no combate à poluição. “É importante que as entidades governamentais percebam que a conservação da natureza não se faz, somente, com gestos individuais e que recursos que hoje em dia consideramos dados por garantidos, podem acabar num futuro muito próximo. Novas e urgentes políticas devem centrar-se na mudança sistémica da economia do plástico”, acrescenta João Dias Coelho.
O relatório expõe ainda os inúmeros e complexos desafios que impedem o planeta de alcançar a meta de zero plástico até 2050, enumerando uma série de recomendações que incluem a necessidade de mudança na produção e consumo de plástico, a importância de uma economia circular e a urgência na criação de programas de avaliação e monotorização da eficácia das políticas de plásticos no combate à poluição.