Geoparque Oeste lança primeira Rede Regional de Estações de Borboletas Noturnas

O Geoparque Oeste lançou no passado dia 6 de setembro, no Centro de Interpretação da Paisagem Protegida Local das Serras do Socorro e Archeira, na Cadriceira, Torres Vedras, a primeira Rede Regional de Estações de Borboletas Noturnas, no âmbito da apresentação pública dos resultados de três anos de monitorização da estação de observação de borboletas noturnas desta área protegida, onde foram também dados a conhecer algumas das espécies mais emblemáticas de borboletas noturnas detetadas nesta área protegida que integra o Geoparque Mundial da UNESCO.

A rede surge no âmbito de uma parceria inicial com a Associação de Amigos do Planalto das Cesaredas que mais tarde se estendeu à Rede de Estações de Borboletas Noturnas de âmbito nacional, agregando consequentemente outras entidades que já desenvolviam esta atividade no território do Geoparque Oeste. Integra a totalidade do território deste Geoparque, assim como o dos dois municípios parceiros, totalizando uma área de 1.600km2.  Já conta com 12 estações de monitorização de borboletas noturnas, que pelo menos uma vez por mês registam as espécies que por aqui habitam e transitam.

Os principais objetivos são a recolha de dados de distribuição e ocorrência associados a um território com características próprias, monitorizar e detetar pragas, envolver as comunidades locais, entidades públicas e privadas, a recolha sistemática de dados das espécies de borboletas noturnas (ocorrência, tempos de voo), a integração dos dados na Rede Nacional de Estações de Borboletas Noturnas e no projeto Europeu “European Butterfly Monitoring Scheme”, a promoção do território enquanto destino de ciência.

Entre 2021 e 2023, esta Rege Regional registou a observação de mais de nove mil borboletas, sendo que destas foram identificadas 302 espécies diferentes, através da realização de cerca de 235 sessões de observação, a sua grande maioria públicas.

Para Miguel Reis Silva, Coordenador Executivo do Geoparque Oeste, “este projeto é desenvolvido a pensar no futuro, daqui a 10 anos teremos uma base de dados que nos vai permitir estudar de forma científica e quantitativa o impacto das alterações climáticas nos ecossistemas, bem como as consequências provocadas pelas dinâmicas de espécies e número de indivíduos de borboletas noturnas tiveram na polinização, nas pragas dos frutícolas, hortícolas, na vinha, entre outras. Por outro lado, com a constituição desta rede já hoje conseguimos ter uma noção de território, pois envolvemos e trabalhos no tratamento conjunto dos dados das 12 estações de observação e monitorização, o que permite fazer análises integradas ao nível do território do Geoparque Oeste”.

Hélder Cardoso, Ornitólogo e Coordenador da Rede Portuguesa de Observação de Borboletas Noturnas, acredita que “este projeto vai contribuir de forma decisiva para a comunicação e promoção desta área científica, incentivando o aparecimento de mais estações no território do Geoparque Oeste, mas também um pouco por todo o território nacional. Considerando que Portugal é um dos três países da Europa com trabalho efetivo e sólido nesta área de conhecimento, acreditamos que este projeto pode ser um fator de atratividade de investigadores de outros países, mas também como fator motivacional para que jovens estudantes se apaixonem por esta temática e sigam a vertente universitária que lhes permita desenvolver estudos mais concretos sobre as Borboletas Noturnas e o seu papel na preservação dos ecossistemas”.

Qualquer pessoa ou entidade pode ter uma estação de observação de borboletas noturnas e registar as diferentes espécies, através de uma aplicação móvel – para isso basta contactar o Geoparque Oeste.