Foi ontem conhecido o vencedor do Prémio Valorpneu INOV’15, no Centro Comercial Colombo, em Lisboa. Cyril Santos foi o feliz contemplado, com o projeto “Garrafeira modular em compósito de pneu reciclado (de matriz termoplástica)”, orientado pelo engenheiro Gonçalo Mateus e pelo professor Artur Mateus do Instituto Politécnico de Leiria.
Tudo começou com uma solicitação da empresa Plastimago – Transformadora de Plásticos (parceira do projeto agora), que ao tentar desenvolver uma série de produtos inovadores que incorporassem pneus em fim de vida, pediu ajuda ao Centro para o Desenvolvimento Rápido e Sustentável do Produto, do qual Cyril é investigador. A partir daí, muitas foram as ideias que foram surgindo à equipa de investigação. “Começamos em jeito de brincadeira a criar uns esboços e protótipos de garrafeiras em 3D. Queríamos criar uma coisa diferente e inovadora e, depois de fazermos um molde, avançamos com uma garrafeira por prensagem que é um produto amigo do ambiente, tem um design muito apelativo e tem uma grande percentagem de reutilização do pneu. Não estava à espera de ganhar”, explicou ao Ambientemagazine.com Cyril, que, também, é estudante de doutoramento de Engenharia Química na Universidade de Coimbra. “Vê-se muita reutilização de pneus em sintéticos, como campos de futebol, mas em peças e produtos não se vê esse tipo de reutilização que é necessária e eu acho que isto pode ser um impulso para que surjam mais peças do género”, sublinhou.
No futuro, Cyril espera que a garrafeira “possa estar à venda no IKEA ou no AKI”. “Queremos chegar ao mercado com uma garrafeira com ciclos de produção muito baixos para conseguirmos realmente lá chegar e, neste momento, a Plastimago já tem diversos clientes interessados na garrafeira”, acrescentou.
Este prémio tem como objetivo premiar soluções inovadoras na área de gestão dos pneus usados, incentivando e valorizando o trabalho de investigação e universitário que é feito não só no nosso país mas também nos restantes países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O prémio tem o valor de 5 mil euros e o orientador tem uma comparticipação de 2500 euros. menções honrosas de 2500 euros e possibilidade de se fazer um estágio na Valorpneu.
A concurso, este ano, estiveram sete projetos. Entre os três que mereceram a distinção do júri e foram ontem apresentados, destaca-se um que veio do Brasil -“Aplicação de pneus inservíveis em cerâmica vermelha, tijolos, para construção de casas populares com foco no desenvolvimento sustentável” – sendo a primeira vez que um projeto deste país é premiado. A outra ideia a concurso – “Aplicabilidade da incorporação de fibras resultantes da reciclagem de pneus em matriz de gesso”, veio do Porto, da Universidade Fernando Pessoa. A estes dois trabalhos foram atribuídas duas menções honrosas.
Para o próximo ano, Climénia Silva, diretora geral da Valorpneu, anunciou que vai ser repensada a configuração deste prémio “tentando aproximá-lo mais ao meio empresarial, numa dinâmica mais empreendedora “. “2016 será um ano para a mudança”, garantiu.
De destacar que desde há seis anos a esta parte, altura em que se iniciaram os Prémios Inovação, a Valorpneu já galardoou 15 trabalhos (8 Engenharia, 5 Design e 2 Arquitetura) num valor total de 65.000 Euros.