Num ano, foram recolhidas mais de um milhão de embalagens no âmbito do iREC – projeto de devolução das embalagens de bebidas de Cascais, com a utilização de técnicas de gamification.
Os mecanismos de gamification são inspirados nos videojogos, em que a participação e o envolvimento são encorajados através de recompensas. Testado com sucesso em iniciativas internacionais, Cascais trouxe o conceito para o seu projeto iREC, implementado em janeiro de 2021, com a instalação de 15 máquinas de devolução de embalagens de bebidas em estabelecimentos comerciais.
“A gestão dos resíduos urbanos e a limpeza urbana têm de cada vez mais de ter estratégias de envolvimento dos cidadãos. Em Cascais, temos implementado sistemas de recolha que são cómodos e atrativos para os nossos munícipes. O iREC é um bom exemplo de como a tecnologia e equipamentos, que são familiares às pessoas, são bons instrumentos para ter um nível de adesão elevada: num ano conseguimos recolher um milhão de embalagens de bebidas. A gamification foi uma parte importante deste sucesso. Com o iREC preparamos a entrada em vigor do Sistema de Depósito com Retorno, já com conhecimento feito no terreno,” declara Luís Almeida Capão, presidente do Conselho de Administração da Cascais Ambiente, citado numa nota.
Através da aplicação CityPoints Cascais, o cidadão acumula pontos cada vez que regista determinado comportamento como utilizar as referidas máquinas, doar sangue, adotar um animal, ou utilizar os transportes públicos, entre outros. Posteriormente estes pontos podem ser trocados por produtos ou serviços de entidades locais, numa lógica de promoção da economia local. “Quantos mais pontos acumulados, melhores são os prémios, como se de um jogo se tratasse”, refere a mesma nota.
Neste primeiro ano de utilização, o gamification permitiu a atribuição de 1,2 milhões de Citypoints ganhos e entregou mais de seis mil prémios.
O iREC foi o primeiro projeto de devolução de embalagens de bebidas a introduzir esta modalidade de incentivo em Portugal. E o sucesso de Cascais serviu de inspiração a outros projetos similares instalados, entretanto, de norte a sul do país, que seguiram a ideia.
Cascais não se limitou a criar incentivos para os utilizadores destas máquinas. Para reforçar a mensagem da sustentabilidade, foram “privilegiados produtos fornecidos e fabricados em Portugal que reutilizam ou reciclam materiais ou são uma alternativa aos produtos descartáveis”, refere a mesma nota. É o caso dos sapatos Zouri: sapatos feitos com plástico recuperado na costa portuguesa; e da Oiôba e Panareha: marcas portuguesas que produzem respetivamente bikinis e calções de banho feito de PET. Também há esponjas de limpeza feitas de excedente de tecidos, que são produzidas em Portugal, de forma manual e em pequena escala; produtos de limpeza da marca portuguesa Eco x, fabricados a partir de óleos alimentares usados; e ainda kits educativos para as crianças.
A forte adesão ao projeto iREC comprova que os cidadãos que habitam a vila de Cascais procuram um estilo de vida mais sustentável, procurando reduzir a sua pegada ecológica.
Financiado pelos EEA Grants e o Ministério do Ambiente e da Ação Climática, o iREC visa preparar os diferentes atores para o sistema de depósito de embalagens que, num futuro próximo, se tornará obrigatório em Portugal. Embora ainda não esteja definida a data de entrada em vigor do sistema de depósito com retorno para embalagens de bebidas, a Câmara Municipal de Cascais já se antecipou e está a agir no sentido da promoção e cumprimento das metas nacionais de recolha de resíduos e de redução das emissões de CO2.
O Projeto iREC enquadra-se ainda na estratégia do Município de Cascais que visa mobilizar o cidadão, de forma efetiva, para comportamentos ambientalmente mais responsáveis, nomeadamente no que respeita à correta deposição dos resíduos.