A Galp apresentou ontem os resultados do primeiro semestre do ano e, mesmo numa altura em que os preços do petróleo estão em queda, a empresa não podia estar mais satisfeita, avança o Diário de Notícias. Lucros de 310 milhões de euros, ou seja, quase o triplo do registado no mesmo período do ano passado, e um resultado operacional de 844 milhões, mais 57% que no primeiro semestre de 2014 e muito perto do valor estimado para o ano todo. Mas, a justificá-lo, não está um aumento das vendas de combustíveis em Portugal e Espanha. Pelo contrário, nesse negócio os valores estão estáveis, garante o CEO da Galp, Carlos Gomes da Silva. “Observamos uma recuperação do consumo mas porque os preços estão mais baixos, ou seja, o mesmo dinheiro compra mais litros, o que significa que não estamos a ganhar mais por isso”, disse ontem à tarde na apresentação das contas.
Aliás, os preços baixos do petróleo até ajudaram a Galp que a que conseguiu uma margem de refinação de 6,6 dólates por barril, uma das melhores de sempre, precisamente porque a cotação está em queda. Note-se que a margem de refinação é a diferença entre o que custa comprar o petróleo para refinar e o preço a que o produto refinado é vendido.
Mas outra das razões para os bons resultados da Galp é o aumento da produção de petróleo, principalmente no Brasil, “onde a produção praticamente duplicou face ao primeiro semestre do ano passado, para 33,2 mil barris por dia”, adiantou Gomes da Silva. Quer isto dizer que o petróleo que a Galp extrai no Brasil é quase tanto como toda a sua produção(39,8 mil barris por dia).
Não há, por isso, dúvidas de que o Brasil é o grande motor de crescimento da empresa portuguesa, e a prová-lo está o reforço e a antecipação dos investimentos que estão programados para os próximos quatro anos. No campo de Lula/Iracema, no profundo alto-mar, a 300 quilómetros da costa do Rio de Janeiro a Galp já tem três navios-plataforma a extrair crude e um quarto entrará em operação ainda esta semana, adiantou Gomes da Silva. Com estas 4 plataformas, o consórcio da Petrobas, que integra também a Galp e o BC Group, vai estar a produzir 520 mil barris por dia em 2016, dos quais 10%, ou cerca de 52 mil, serão para a empresa portuguesa. O Brasil está a ganhar cada vez mais peso na Galp tal como ganhará a exploração de gás natural em Moçambique, já depois de 2020. A importância é tal que, disse Carlos Gomes da Silva, dentro de três anos, “Portugal e Espanha só deverão representar cerca de 20% dos resultados operacionais da empresa”. Ou seja, menos do que os 44% que representam hoje. Em simultâneo, a maior parte do investimento será para o petróleo e o gás.
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