O fura-bardos (Accipiter nisus granti) é a Ave do Ano em 2015, uma campanha lançada todos os anos pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). Esta subespécie é um exímio caçador, mas pouco se sabe acerca dele e, por esta razão, e na sequência dos incêndios que aconteceram nos últimos anos, decorre, desde 2013, um outro grande projecto – o LIFE Fura-bardos.
A presença desta ave de rapina é usual apenas em algumas zonas da ilha da Madeira e Canárias, em ambientes florestais, podendo também ser vista em campos agrícolas e áreas abertas, que utiliza para caçar as suas presas.
Esta subespécie do gavião, caraterizada pelas suas diferenças morfológicas em relação à sua congénere continental, o gavião Accipiter nisus, apresenta uma plumagem mais escura no dorso e mais listrada no ventre. A fêmea, com um tom mais acastanhado, é maior que o macho, caracterizado por uma plumagem acinzentada complementada por uma coloração laranja no peito.
Aves pequenas, como canários e melros, bem como aves de porte médio, entre elas o pombo-trocaz ou pombo-da-madeira, fazem parte da alimentação do fura-bardos.
Segundo Isabel Fagundos, Directora da SPEA Madeira, "A campanha da Ave do Ano vai dar a conhecer esta ave tão singular e demonstrar como é importante investir na conservação de espécies que apenas existem em locais muito limitados do planeta. Vamos, por isso, organizar actividades e promover acções de comunicação para que os madeirenses e também as pessoas do continente passem a conhecer o fura-bardos".
Desconhece-se o número de exemplares da espécie que existem na ilha da Madeira, uma vez que nunca foi realizado um censo específico, mas sabe-se que este tem sido ameaçado nos últimos anos pelos fogos florestais, através da destruição do seu habitat de reprodução. Estes factores levaram a SPEA a submeter um projecto ao programa comunitário LIFE+, que decorre desde 2013 em parceria com o Parque Natural da Madeira, a Direcção Regional das Florestas e Conservação da Natureza e a Sociedad Española de Ornitología.