Fórum Internacional Gaia Todo Um Mundo reflete a importância da água
O GTM – Fórum Internacional Gaia Todo Um Mundo deu prova, uma vez mais, de que é uma aposta para continuar. Reunido pelo segundo ano consecutivo no Centro Histórico de Gaia, o GTM juntou um conjunto de pensadores e criadores de mais de 20 nacionalidades para debater questões fundamentais para assegurarmos o futuro da Humanidade em torno da temática da água e de uma cooperação para o Desenvolvimento Sustentável.
Ao longo de quatro dias houve conferências, debates, música, artes visuais, conversas informais, performances e exibições de cinema, bem como contadores de histórias e momentos de participação da comunidade, num total de oitenta intervenções de cerca de 150 participantes. No final, a conclusão era uma “a temática da água toca o dia-a-dia de cada um, mais não seja do ponto de vista da responsabilidade”, afirma Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Gaia, abrindo algumas perspetivas sobre a próxima edição: “Dando seguimento às alterações climáticas e à água, queremos continuar a trabalhar nestas temáticas, adequando sempre uma visão global trazida por especialistas a uma tradução local dessas ideias”, seguindo, assim, a lógica defendida pela Agenda 21 – Pensar Global, Agir Local.
Respeitando esse princípio, a autarquia de Gaia e a Liga para a Proteção da Natureza assinaram um protocolo, no decorrer do Fórum Internacional, onde se propunham lançar ações junto da comunidade sobre temáticas ligadas ao ambiente e à reutilização da água. O objetivo passa por apostar na educação ambiental como uma das ferramentas fundamentais para prevenir comportamentos desajustados e estimular o desenvolvimento de uma consciência ecológica que respeite os valores naturais, promovendo, em última instância, a cidadania.
Para Eduardo Vítor Rodrigues, o primeiro passo já está a ser dado, no âmbito dos contributos que a autarquia tem dado para o Plano Nacional de Investimentos 2030. “Assumimos a reinfraestruturação do ciclo urbano da água, nomeadamente para combate às perdas, e apostamos na reutilização da água como um novo tema da próxima geração de políticas públicas, sobretudo no que respeita à reutilização da água das ETAR e das águas pluviais. Não faz sentido desperdiçar água tratada que pode, por exemplo, ser usada nos sistemas de rega”, evidencia. Este compromisso assumido acarreta uma necessidade de inovar e irá moldar as políticas dos próximos anos, “podendo ser replicado por outros municípios”, defende Eduardo Vítor Rodrigues.
A segunda edição do Fórum Internacional Gaia Todo Um Mundo foi a alavanca para este compromisso mas foi, também, o foco da expressão de muitas artistas. O português Rigo 23, por exemplo, pintou um mural no Centro Histórico com o objetivo de “chamar a atenção para a importância da água”, descrevendo-a como um “elemento intrínseco da cidade”.
No campo musical, Gaia foi “invadida” pela country norte-americana das Maiden Radio, pelo folk de Joan Shelley, pela poesia em forma de música de Castello Branco, pelo rock de Bombino, pelo estilo pós-clássico de Alberto Montero, e muito mais. A capela do Convento Corpus Christi, a Mercearia do Bernardino, o Zé da Micha e o Armazém 22 abriram as suas portas para receber estes artistas e as multidões que os acompanhavam.
Mas o pensamento também assumiu um papel de destaque. Das conferências saíram exemplos, testemunhos de força e histórias de vida verdadeiramente inspiradoras, a começar pela de Lee-Anne Walters, vencedora de 2018 do Goldman Environmental Prize (equivalente ao prémio nobel do ambiente). “Cada um de nós tem que observar o de faz e a forma como interage com o mundo como um todo. Eu vi em primeira mão como uma ou duas pessoas podem destruir todo o ecossistema da água de uma cidade”, referiu a ativista, muito elogiada pelo diretor executivo da Goldman Environmental Prize, Michael Sutton.
Todos somos responsáveis pelo espaço comum em que vivemos. Todos temos de enfrentar o enorme desafio de encontrar estratégias e ações para a sustentabilidade. O Fórum Internacional Gaia Todo Um Mundo terminou, mas os dados já estão lançados. Vamos respeitar a Natureza.