FMI recua mais investimento em infraestruturas energéticas
O Fundo Monetário Internacional (FMI) recomendou hoje que não se avancem com mais investimentos em infraestruturas energéticas até que o custo dos que já foram feitos em Portugal tenha sido totalmente recuperado, noticiou a agência Lusa. “Para acelerar o défice tarifário, não deve haver investimentos em infraestruturas energéticas até que o custo dos investimentos anteriores tenha sido totalmente recuperado”, defende o FMI no relatório divulgado hoje, relativo à missão de monitorização pós-programa e à missão ao abrigo do artigo IV, que decorreram em simultâneo no final de junho.
Limitar os custos da energia é uma das prioridades que o FMI defende para o setor público, no âmbito de um “programa ambicioso de reformas estruturais” que, insiste, continua a ser necessário não só para o esforço de consolidação orçamental, mas para promover o crescimento e a competitividade.
No início do ano, também a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) defendeu prudência nos investimentos em redes energéticas, dando um parecer negativo (não vinculativo) aos planos de investimento da REN, que tem a concessão das redes de transporte de eletricidade e gás.
Em causa estão duas propostas de investimento, que no caso da eletricidade ultrapassavam os 1.165 milhões de euros entre 2016-2025, dos quais a ERSE deu ‘luz verde’ apenas a 72 milhões. No caso do gás, a ERSE recomendou o adiamento do terceiro gasoduto de ligação a Espanha, um investimento de 137 milhões de euros, mas ‘autorizou’ três projetos no valor de 33,5 milhões de euros.
Para o regulador, os investimentos propostos, sobretudo as interligações a Espanha, não têm justificação face à evolução do consumo, servindo para agravar o défice tarifário e, consequentemente, as faturas das famílias e empresas, que acabam por pagar estes investimentos, mas a palavra final cabe ao Governo.