O papel central das florestas no abastecimento energético das sociedades atuais e futuras é o tema lançado em 2017 no âmbito das comemorações do Dia Internacional das Florestas, que se celebra hoje, dia 21 de março.
A nível mundial, a Floresta é responsável pela produção de 40% da energia renovável, tanto quanto as fontes solar, eólica e hídrica juntas; e quase 900 milhões de pessoas trabalham no setor do aproveitamento da biomassa florestal para produção de energia, sobretudo nos países em vias de desenvolvimento, indica o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
A importância desta função da Floresta para a vida das pessoas é enorme, não só na vertente tradicional (como principal fonte de lenhas e de outro tipo de biomassa desde os primórdios da Humanidade), como também numa vertente mais recente, como é o caso da produção de biocombustíveis, que possam substituir progressivamente o consumo de hidrocarbonetos, contribuindo para a mitigação das alterações climáticas e para a segurança energética dos países.
Nos países desenvolvidos, a produção de biomassa florestal para energia é um dos principais fatores de valorização dos recursos florestais, promovendo o desenvolvimento rural em regiões mais desfavorecidas. Mesmo nas zonas urbanas, as árvores e Florestas desempenham igualmente um papel relevante na poupança de energia, atenuando os fenómenos climáticos extremos e aumentando o conforto térmico dos edifícios e dos espaços públicos.
Também em Portugal, a energia constitui uma das maiores riquezas obtidas a partir das nossas florestas.
A biomassa florestal é uma das principais fontes de energia hoje utilizadas em Portugal e é, de entre as fontes de energia renovável, a mais facilmente utilizável em qualquer período do ano.
Numa avaliação recente, estimou-se em 2,2 Mt/ano a disponibilidade potencial de biomassa para produção de energia com origem na floresta e na indústria transformadora da madeira e da cortiça.
Segundo a Direção-Geral de Energia e Geologia, em Portugal, cerca de 54% da produção de energia renovável provém da biomassa [2,7 ktep], a qual corresponde a 13% do total de consumo de energia final do país.
No que respeita ao sistema eletroprodutor, a potência instalada é de 553 MW (4,1% do total das renováveis), dos quais 123 MW sem cogeração (9 centrais dedicadas).
São também muito relevantes as lenhas e o carvão vegetal para consumo industrial e doméstico, ascendendo a produção de carvão a uma média de 16,8 mil toneladas anuais na última década. É também significativa a produção portuguesa de peletes, com 1,1 Mt/ano, das quais 80% seguem para exportação.
A produção sustentável de biomassa florestal para energia e a sua integração num modelo que permita a máxima valorização dos recursos florestais é um dos aspetos centrais da política florestal portuguesa, estando traduzida nos principais documentos de política florestal.