As empresas do setor energético de instalação de painéis solares residenciais estão preocupadas com o funcionamento do Fundo Ambiental, e queixam-se da brevidade dos períodos de candidatura como um obstáculo à eficácia do programa e à sustentabilidade do setor, gerando incerteza e instabilidade no mercado.
A Fixando, plataforma de contratação de serviços, inquiriu diversas empresas que atuam na instalação de sistemas de energia solar, como a By Energy, das Caldas da Rainha, que diz ter tido um aumento na procura pela instalação de painéis solares, no entanto, aponta que a disponibilidade limitada do Fundo Ambiental, cujas candidaturas abrem durante curtos períodos, leva a que muitas famílias acabem por nunca recorrer ao programa.
A mesma empresa destaca que, embora haja uma procura crescente, muitos potenciais clientes estão preocupados com a incerteza dos períodos de candidatura do Fundo Ambiental e enfatizam a importância de uma disponibilidade contínua do programa para garantir uma maior certeza e segurança a quem quer recorrer ao fundo para melhorias energéticas na sua residência.
A Solarassist, empresa do Montijo especializada em sistemas solares térmicos e fotovoltaicos, também relembra a necessidade de períodos de candidatura mais longos e alerta que muitos clientes estão há vários meses à espera de que o programa reabra o período de candidaturas.
Recorde-se que, de momento, não existe uma previsão para a reabertura das candidaturas ao Fundo Ambiental, uma incerteza que, segundo responsáveis da Solarassist, leva a que o mercado funcione a duas velocidades distintas.
“Esta incerteza quanto à abertura de novas candidaturas, leva muitas famílias a adiar estes projetos, o que não só leva a um abrandamento da procura atual, mas também pode resultar num aumento muito repentino quando as candidaturas forem abertas novamente, sobrecarregando o setor”, explica Miguel Mascarenhas, CEO da Fixando.
Perante as preocupações levantadas pelos profissionais do setor e pelos resultados do inquérito, a plataforma de contratação de serviços diz ser evidente a necessidade de rever e expandir o funcionamento do Fundo Ambiental. O mesmo responsável afirma que estamos perante um travão à transição energética e que se torna imperiosa a ampliação dos períodos de candidatura para promover o crescimento do recurso às energias renováveis em Portugal.
Miguel Mascarenhas recorda ainda que o impacto do Fundo Ambiental está bastante visível no aumento da procura por serviços de instalação de painéis solares. Segundo dados da Fixando, em 2022, a procura por esses serviços aumentou impressionantes 181% em comparação com o ano anterior. No entanto, em 2023, houve uma queda de 3% na procura, principalmente devido ao curto prazo das candidaturas ao Fundo Ambiental.
Atualmente, sem previsão para a reabertura das candidaturas, e com a incerteza em torno dessa questão, a Fixando estima uma queda adicional de 8% na instalação de painéis solares em 2024, uma situação que reforça a necessidade urgente de ações para garantir a continuidade e estabilidade do programa, a fim de manter o impulso na transição para energias renováveis em Portugal.
“A Fixando sugere a criação de uma fase que permita candidaturas para melhorias realizadas nos últimos 24 meses, o que evitaria uma sobrecarga durante os atuais períodos de candidatura e permitiria a execução dos trabalhos de forma mais oportuna. Além disso, o valor do vale disponibilizado muitas vezes não cobre os custos totais das melhorias necessárias, o que representa um desafio financeiro para as famílias que não têm capacidade para suportar esses custos adicionais”, alerta Miguel Mascarenhas.
Metade dos portugueses desconhece Programa Fundo Ambiental
O inquérito realizado pela Fixando revelou que quase metade (48%) dos inquiridos desconhece o Fundo Ambiental. No entanto, entre aqueles que conhecem o programa, há um interesse significativo em utilizar o programa para intervenções na sua residência, com 29% a indicar que tem interesse em candidatar-se quando voltarem a abrir as candidaturas ao programa.
De acordo com o mesmo estudo, realizado entre 18 e 22 de março a cerca de 12.500 inquiridos, as intervenções mais populares entre quem está a considerar recorrer ao Fundo Ambiental incluem a substituição de janelas, a instalação de sistemas de aquecimento/arrefecimento ambiente e de águas, instalação de isolamento térmico e instalação de painéis solares.