Festival Bons Sons com louça comestível pretende reduzir a pegada ambiental
Na edição deste ano do Festival Bons Sons, em Tomar, a louça é biodegradável e comestível. Para além de reduzir a pegada ambiental, pretende-se facilitar a vida dos visitantes, através de uma pulseira para pagamentos, conta a Lusa.
Garrafas reutilizáveis, substituição da iluminação por lâmpada Led e o compromisso de “contribuir para a diminuição da pegada ambiental do evento”. Vai ser assim a 9.º edição o Festival Bons Sons que, de 9 a 12 de agosto, dá a oportunidade aos visitantes de “Viver a Aldeia” de Cem Soldos, em Tomar.
Luís Ferreira, da organização do festival, admite que estas medidas pretendem complementar as medidas tomadas em anos anteriores. Para o organizador do festival, a maior novidade é “a louça biodegradável e que pode ser até comestível” que, entre quinta-feira e domingo substituirá, nos restaurantes do evento, “a tradicional louça descartável”.
Produzida por uma empresa polaca, a louça (disponibilizada num ‘kit’ de prato e talheres) é fabricada a partir de farelo de trigo sendo que o seu processo de compostagem “leva apenas 30 dias e não centenas de anos” como os tradicionais plásticos descartáveis.
Aos copos de plástico que já foram substituídos por reutilizáveis em anos anteriores, vai juntar-se este ano a garrafa “Fill Forever”. Desenvolvida em parceria com os Serviços Municipalizados de Tomar, a garrafa tem “um design inspirado numa cascata de água” e é feita através de “um processo de produção com baixo consumo energético”, afirmou Luís Ferreira.
O grande investimento desta edição é “a substituição da iluminação por lâmpadas Led”, visando “uma maior eficiência energética e a redução dos consumos, como já tinha sido feito nos últimos anos com a água”, lembrou o mesmo responsável.
As medidas de redução do consumo de água foram implementadas nas duas últimas edições com o apoio do projeto Sê-lo Verde, um programa de 1,5 milhões de euros para cofinanciar medidas que tornem os festivais ambientalmente mais sustentáveis.
Para além das ações de sensibilização ambiental realizadas foi promovida a colocação de torneiras com temporizador e redução de caudal e a instalação de casas de banho secas nos parques de campismo.
Este ano a organização vai ainda mais longe com a introdução de “urinóis-fardo de palha em toda a zona do campismo”, uma alternativa que, divulgou o festival, “não requer a utilização de água para descargas desnecessárias e evita a passagem de resíduos pela estação de tratamento de águas”.
Quer os resíduos das casas de banho secas quer os fardos de palha que vão absorver os líquidos, “juntamente com coberto vegetal do próprio terreno, serão decompostos e transformados em matéria orgânica fértil que a população poderá utilizar, passado um ano, nas suas hortas, jardins ou sistemas agroflorestais”, pode ler-se num comunicado da organização.
A par com as boas práticas ambientais, o festival aposta também “na simplificação da vida dos festivaleiros” que, nos quatro dias de evento deixam de “ter que andar com o porta-moedas e podem fazer todos os pagamentos através da pulseira [de acesso]”, afirmou Luís Ferreira.
O sistema de pagamentos sem dinheiro físico que vai ser testado pela primeira vez permitirá aos visitantes carregar a pulseira com o valor necessário para pagar o que consumir no recinto do festival e, “no final do dia, ou do festival, se lhe sobrar dinheiro, ela será reembolsado”, acrescentou.
Organizado pelo Sport Club Operário de Cem Soldos ,o Bons Sons manteve-se bienal entre 2006 e 2014, após o que passou a realizar-se anualmente tendo recebido, em oito edições 278 concertos e 238.500 visitantes.
Em declarações à Rádio Hertz, de Tomar, Jorge Silva, do Sport Club Operário de Cem Soldos, admite que é “um risco e um ato de coragem organizar o festival” uma vez que é uma organização local a realizar o evento, que conta com o apoio da câmara municipal de Tomar.
O Bons Sons, que movimenta um orçamento anual na ordem dos 450 mil euros, tem como meta o desenvolvimento local e integra-se num conjunto de atividades culturais desenvolvidas pela população e pela associação local, cujos lucros revertem para projetos culturais e sociais.