Durante dois dias (22 e 23 de outubro), a Altice Arena foi palco do Planetiers World Gathering, o maior evento de inovação sustentável do mundo. Organizado em modelo híbrido, a conferência juntou 10 mil participantes de mais de 50 países, eo debate centrou-se, exclusivamente, na sustentabilidade a nível mundial.
“Eu não vou perder tempo a pregar para os convertidos: assumo que todos são Planetiers”. Foi assim que Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, arrancou o seu discurso na sessão de abertura.
O autarca centrou o seu discurso no “momento de chamada para a ação”, citando o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e reforçando a sua ideia: “Nunca conheceremos alguma vacina contra as alterações climáticas”. As atenções estão viradas para a pandemia da Covid-19 mas Fernando Medina frisa que “os desafios das alterações climáticas” estão “para lá disso” e “continuam lá”. Mas o autarca tira algumas ilações do momento que o mundo atravessa: “Uma das principais lições que podemos tirar da pandemia é que a sustentabilidade tem uma forte ligação com a saúde e com a capacidade do ser humano viver”. E para aqueles que não viram, Medina dá o exemplo das pessoas que sofreram “consequências mais profundas”, como as pessoas com “sistemas respiratórios debilitados. Sabemos agora, pela ciência, que os efeitos da pandemia são muito mais severos em regiões onde a poluição é historicamente alta”, declara.
[blockquote style=”2″] Há uma força que nos guia para o business as usal [/blockquote]
Optando por sublinhar que “não podemos ter medo das palavras e dos factos”, Fernando Medina mudou o assunto para o dinheiro que será investido “nos próximos anos” na recuperação pós-pandemia. E há uma “escolha” que tem de ser feita mas cujo resultado “não é claro”: “Há uma força que nos guia para o business as usual”, diz o autarca, alertando para o risco de que, “no fim da pandemia, o dinheiro continue a ser colocado em áreas de investimento cujas dimensões são claramente insustentáveis e que nos colocam numa rota de insustentabilidade”. O autarca vai mais longe e chega mesmo a dizer que esta escolha tem de ser feita pelas “pessoas, governos, autoridades, líderes de associações empresariais e de sindicatos” e que as decisões que estão a ser tomadas “mudarão as nossas vidas, talvez, durante décadas”.
[blockquote style=”2″] Pôr o dinheiro em ações que realmente façam a diferença [/blockquote]
O discurso centrou-se também em Lisboa. A cidade anfitriã do evento é, atualmente, Capital Verde Europeia, o que levou Fernando Medina a destacar “as escolhas” lisboetas para “este momento: Temos de usar esta oportunidade para ir mais depressa na nossa agenda”, afirma. “Claramente sustentável”, a agenda quer “pôr o dinheiro em ações que realmente façam a diferença” e sejam úteis, como na eficiência de sistemas de transporte público ou “alojamento acessível no centro da cidade”: “Não precisamos de ciência espacial para resolver estes desafios. É uma decisão política: a tecnologia está aí; basta utilizá-la!”, considera. No entanto, esta agenda desagua na questão de “a quem pertence o espaço público”. A isso, o autarca responde: “A escolha que fizemos foi ‘as pessoas’, não foram carros ou poluição”. Essa opção “tem consequências: a criação de parques e vias cicláveis, a reabilitação urbana, a mudança da forma de viver na cidade”.
Fernando Medina falou ainda desta “causa” e considerou serem “necessárias mais pessoas” neste movimento: “Não se trata de falarmos sobre nós próprios, é incluir mais gente” porque “precisamos de muito mais” do que “bons políticos”. O líder da autarquia lisboeta estendeu o desafio, referindo que eram precisas “boas empresas com boas políticas” para mobilizar a sociedade: “Todos podem ser um ato de mudança”, remata.