Por iniciativa da Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO), a Federação Europeia de Ecologia (EEF) acaba de colocar à discussão da comunidade internacional de ecólogos um documento intitulado “The Responsibility of Ecologists” que pretende “ser um documento fundamental de carácter deontológico para orientar a atividade profissional dos ecólogos e a sua relação com a sociedade”, pode-ler no comunicado enviado à imprensa.
O documento que a SPECO e a EEF gostariam de ver conhecido como a “Carta de Lisboa”, foi produzido após o 15.º Congresso da Federação Europeia de Ecologia, que teve lugar em Lisboa de 29 de julho a 2 de agosto de 2019, a partir de um debate transdisciplinar que envolveu cinco reputados ecólogos de diferentes nacionalidades: Arjen Wals, David Nabarro, Humberto Rosa, Laura Airoldi e Osvaldo Sala.
A EEF pretende que o documento seja agora discutido por todas as sociedades e associações científicas europeias no domínio da Ecologia, assim como pelas instituições científicas internacionais que trabalham na mesma área e que seja posteriormente formalmente adotado como um código de conduta profissional pelos ecólogos europeus.
O documento agora posto à discussão está estruturado em 22 pontos que incluem questões como a responsabilidade que os ecólogos têm de produzir conhecimento e de o partilhar com a sociedade, de colaborar com cientistas de outras áreas e de envolver nessa colaboração parceiros sociais de diferentes sectores, de promover e participar nos debates públicos que dizem respeito à ecologia, de incluir nesses debates todas as entidades e organizações relevantes e a responsabilidade de não escamotear a gravidade dos problemas de que tenham conhecimento.
Na acepção utilizada neste documento e utilizada pela EEF e outras sociedades científicas, “ecólogos” são os cientistas que fazem investigação ou desenvolvem outras actividades no domínio da Ecologia. Os ecólogos podem ter diferentes formações de base (da biologia à engenharia ambiental, da agronomia ao urbanismo) já que a Ecologia é, por definição, um domínio transdisciplinar. A denominação “ecólogo” (“ecologist” em inglês) não deve ser confundida com expressões como “ecologista” ou “ambientalista” (“environmentalist”) que se refere aos ativistas que possuem uma atividade social militante em prol do ambiente ou de causas específicas neste âmbito.
A Federação Europeia de Ecologia é uma organização que reúne as sociedades de Ecologia da Europa, e da qual faz parte a Sociedade Portuguesa de Ecologia. A SPECO, entidade responsável pela organização do evento e documento em questão, é presidida por Maria Amélia Martins-Loução, professora da Universidade de Lisboa e investigadora do Centre for Ecology, Evolution, and Environmental Change (cE3c).
A EEF é atualmente presidida pela portuguesa Cristina Máguas, professora da Universidade de Lisboa, coordenadora do Centre for Ecology, Evolution, and Environmental Change (cE3c) e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO).