FAPAS preocupada com abate de quase dois mil sobreiros no Parque Natural do Sudoeste Alentejano

A FAPAS – Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade revelou estar apreensiva com a autorização do ministro do Ambiente em relação ao abate de 1.821 sobreiros para a instalação de um parque eólico em Morgavel, no Parque Natural do Sudoeste Alentejano.

A justificação do ministro invoca “utilidade pública”, mas a associação alerta que “utilidade pública têm os 1.821 sobreiros e o Parque Natural do Sudoeste Alentejano, mais que os 15 aerogeradores que podem ser instalados ali ou noutro local sem sobreiros”.

O promotor pretende compensar o abate com a plantação de 42 mil árvores e arbustos, das quais 30 mil sobreiros, numa área de 50,07 hectares do Perímetro Florestal da Conceição, em Tavira, segundo noticiou o Expresso no primeiro dia de agosto: “o que é proposto é fazer um povoamento densíssimo de um sobreiro por cada 17 m2, a juntar à arborização já existente e às 2.500 árvores supostamente ali plantadas em 2021 no âmbito do protocolo entre a VINCI Airports, o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e a QUERCUS”, lê-se no comunicado à imprensa, que ainda acrescenta “desvaloriza-se o Parque Natural do Sudoeste Alentejano (já demasiado desvalorizado pela agricultura intensiva) para, supostamente, compensar 120 quilómetros a Sul, e abatem-se árvores adultas para compensar com a plantação de pequenas árvores de viveiro, que só cumprirão totalmente os serviços ecossistémicos daqui a umas décadas, se não secarem pelo caminho”.

Mais a associação acusa: “autorizar a desmatação num local com a promessa de plantação noutro local é greenwashing“, apelando ao ministro do Ambiente que não permita o avanço de abate de mais árvores do género para a construção de parques eólicos e fotovoltaicos.