Atualmente, não existe uma descrição quantitativa dos oceanos: “O conhecimento é incompleto e insuficiente”. Esta é uma das conclusões do relatório “State of the Ocean Report”, lançado pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
Coube a Henrik Enevoldsen, chefe da Seção de Ciências do Oceano da UNESCO, explicar em conferência de imprensa, esta sexta-feira, 1 de julho, o que esteve na origem deste relatório: “A ideia é manter atualizadas todas as informações relativas ao estado dos oceanos e a capacidade de o gerir com ajuda de especialistas”.
Quer-se um relatório “conciso, abrangente e com dados regulares”, declara o também autor do estudo, acrescentando que este é um projeto-piloto e que mais edições surgirão. Apesar da inexistência de conhecimento ao nível quantitativo, há recomendações que devem ser tidas em conta, nomeadamente “encontrar e identificar soluções que possam ser postas em prática”, algo que, refere o responsável, tem sido “reiterado ao longo de toda a semana”, e reforçar a importância da “medição dos dados”, invertendo a “lacuna” e “escassez” de indicadores, tornando-os viáveis: “Não conseguimos definir e concordar sobre indicadores de referência”.
Por isso, as futuras edições deste relatório deverão refletir os progressos e incorporar referências que dizem respeito ao oceano a nível global”, afirma. Tendo como base os dez desafios que fazem parte da Década das Nações Unidas das Ciências do Oceano, este relatório tenta partilhar uma descrição geral sobre o estado atual dos oceanos.
No desafio um, relativo à poluição marinha, o relatório destaca que o “apoio às iniciativas” devem assentar no “saber utilizar um instrumento vinculativo e jurídico”, dando a possibilidade de levar a cabo a “observação dos oceanos”. No quarto desafio – desenvolver uma economia sustentável, o estudo conclui que “temos de identificar a simbiose entre a ciência e economia”, dando a possibilidade de “compreender melhor os investimentos mais importantes a fazer ao nível da ciência”, refere Henrik Enevoldsen. Quanto aos desafios sete e oito, relacionados com o “sistema de observação geral dos oceanos”, o relatório recomenda o “acompanhamento total” do que está a acontecer: “Essa informação tem de estar disponível para todos”, afirma.
Sobre este relatório, o chefe da Seção de Ciências do Oceano da UNESCO assegurou que o objetivo é torná-lo um instrumento de trabalho para um público vasto, ou seja, transferir conhecimento às pessoas que não dispõem de dados. A 2.ª Conferência dos Oceanos termina esta sexta-feira, 1 de julho, com a adoção da Declaração de Lisboa. Durante cinco dias, reuniram-se, na capital portuguesa mais de 60 mil participantes.