Entre 7 e 11 de maio, durante 107 horas seguidas, Portugal não precisou de recorrer a nenhuma fonte de produção de eletricidade não renovável, em particular das seis centrais a carvão e a gás existentes. As contas foram divulgadas na altura pela ZERO e pela APREN, mas há novos números desta associação a que o Expresso teve agora acesso: no consumo de eletricidade de janeiro a maio, em 31% das horas recorremos apenas a fontes renováveis.
Francisco Ferreira, dirigente da ZERO, salienta que “estes dados mostram que Portugal pode ser mais ambicioso numa transição para um consumo líquido de energia elétrica 100% renovável, com enormes reduções das emissões de CO2”. E um maior uso da eletricidade como energia final, “tendo por base um incentivo que deve ser dado à mobilidade elétrica, é igualmente uma variável fundamental na descarbonização da nossa economia”. Tudo porque os transportes são o principal setor responsável pelas emissões portuguesas.
Será a meta dos 100% uma utopia? “Chegar aos 100% em 2040 não é nada do outro mundo, tendo em conta a evolução registada nos últimos anos”, afirma António Sá da Costa, presidente da APREN. A associação acaba de finalizar um cenário sobre as perspetivas de evolução do setor elétrico até 2040.
O presidente da APREN calcula que as duas centrais portuguesas a carvão, Sines e Pego, “deixem de funcionar em 2025”. E o cenário da associação revela que “a produção de energia solar é a que tem potencial para crscer mais, de 450 para 4500 MW”.