A Expedição Oceano Azul Cascais | Mafra | Sintra terminou ao fim de 12 dias e de mais de 600 milhas percorridas. Organizada pelos municípios de Cascais, Mafra e Sintra e pela Fundação Oceano Azul, com o apoio do governo português, esta expedição cumpriu o objetivo de aprofundar o conhecimento da biodiversidade e dos ecossistemas marinhos da região. Este projeto é o primeiro passo para preencher a lacuna de conhecimento dos valores naturais de uma zona marinha tão próxima da capital do país.
De acordo com uma nota, divulgada à imprensa, participaram nesta expedição 58 investigadores de instituições científicas como o MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (unidades regionais de investigação do ARDITI-Madeira, Ispa – Instituto Universitário, Politécnico de Leiria, Universidade de Lisboa, Universidade de Évora), o CCMAR – Centro de Ciências do Mar, o CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, a SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, o IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera e o IH – Instituto Hidrográfico.
Também a colaboração dos pescadores foi fundamental, uma vez que estiveram ativamente envolvidos na expedição, assegurando alguns dos trabalhos desenvolvidos com os cientistas.
Os 12 dias de expedição científica, durante os quais se realizaram 270 mergulhos, dos quais 154 científicos, permitiram realizar amostragens ao longo de 60 km de costa. “Descobriram-se habitats como jardins de corais, campos de esponjas, florestas de kelp e recifes de sabelária. Também foram identificadas espécies de aves, algumas muito ameaçadas, mamíferos marinhos, como golfinhos comuns e roazes, espécies de peixes, entre elas atuns, lírios e canários- do-mar, e muitas de invertebrados”, lê-se na mesma nota.
Movidos pela vontade de aprofundar o conhecimento do mar ao largo dos seus territórios para o poder proteger e gerir de forma sustentável, os três municípios pretenderam, com esta expedição, assegurar uma primeira caracterização dos valores naturais da região.
“Esta expedição científica multidisciplinar, com vários centros de investigação e com o objetivo de caracterização do habitat marinho e das principais espécies que o compõem, associado ao conhecimento já existente e acumulado ao longo de mais de 10 anos de estudos na zona costeira de Cascais, é o início de tudo, a começar por aprofundarmos as nossas capacidades de desenvolver ciclos de criação de riqueza com o aproveitamento dos ativos estratégicos que possuímos, Cascais é cem vezes maior no mar do que em terra. Só protegemos o que conhecemos e essa é uma verdade transversal a toda a comunidade: científica, económica e social. Para Cascais é este o objetivo final desta expedição científica”, declara Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais.
Para Basílio Horta, presidente da Câmara Municipal de Sintra, este é “um exemplo de como o nosso trabalho deve ser, em matérias ambientais, cada vez mais em rede. Um projeto como este, para a criação de uma área marinha protegida tem mais impacto trabalhando em conjunto com os municípios de Mafra e Cascais”. Basílio Horta sublinha ainda que “Sintra tem uma extensão de costa de aproximadamente 25 km e é por isso que, desde 2020, trabalhamos pela criação de uma Área Marinha Protegida, esta expedição assinala o início de mais uma etapa dessa criação.”
Por seu turno, Hélder Sousa Silva, presidente da Câmara Municipal de Mafra, afirma que, “para o Município de Mafra, território com uma secular tradição piscatória e que dispõe de 11 quilómetros de costa, 12 praias e a única Reserva Mundial de Surf em toda a Europa, este projeto é crucial para ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade marinha. A presente expedição científica constitui, neste âmbito, um indispensável contributo, permitindo saber mais sobre este valioso recurso que une Cascais, Mafra e Sintra”.
A Fundação Oceano Azul, também promotora desta iniciativa, considera que criação de novas áreas marinhas protegidas é decisiva para a valorização, promoção e proteção do capital natural marinho. “Foi com base nesta consciência e através de um trabalho conjunto, que envolveu no terreno diversas instituições científicas, a par de pescadores locais, que esta expedição foi possível”, refere José Soares dos Santos, Presidente da Fundação Oceano Azul, destacando que “o oceano precisa urgentemente de ação e com esta expedição os municípios de Cascais, Mafra e Sintra deram um passo decisivo e fundamental para proteger de forma mais efetiva o capital natural marinho”.
Será lançado um documentário e apresentado o relatório científico da expedição entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023.
Os próximos passos serão a assinatura de memorando de entendimento de parceria, o lançamento do processo participativo e assegurar a continuidade dos estudos científicos.
Expedição Oceano Azul Cascais | Mafra | Sintra em números:
- 58 investigadores
- 17 pescadores com 5 embarcações de 4 associações – 248 h de trabalho
- 270 mergulhos, dos quais 154 mergulhos científicos
- Cerca de 50 km de costa