A expedição Açores-Atlantis, que decorre ao longo de seis semanas com cinco iniciativas diferentes, surgiu para criar “vivências” com o oceano, porque a “maioria das pessoas não conhece o mar”, mesmo quando vive rodeada de água, segundo a produtora que conversou com a Lusa.
“Pelas várias ilhas que tenho passado, também nos Açores, tenho constatado que a maioria das pessoas não conhece o mar. Vivem rodeados de água, mas pouco contactam a nível físico e emocional com o mar. É isso que trazemos, um olhar e vivências que nos ligam com a água”, destacou à agência Lusa a produtora da expedição, Violeta Lapa, avançando que “os Açores são magníficos debaixo de água”.
A Açores Atlantis é uma expedição organizada pela Oceans and Flow, empresa de turismo sustentável, organizada em cinco momentos: duas viagens marítimas ao redor de São Miguel, um documentário (intitulado “Song for Atlantis“), um conjunto de palestras (Ocean Talks) e uma ação de limpeza de praia, que decorreu no domingo e fechou o ciclo.
“(…) Na primeira semana [10 a 17 setembro] tivemos uma viagem aquática, aberta a qualquer pessoa. Vieram 17 pessoas de nove países, tivemos um grupo de professores ligado a práticas aquáticas e estivemos a dar a conhecer São Miguel debaixo de água”, afirmou. Da segunda viagem, entre 20 e 29 de setembro, resultará um documentário realizado pela empresa e uma foto-reportagem com a assinatura da National Geographic.
“Dois veleiros, 13 pessoas, uma tripulação desde fotógrafos de National Geographic a cineastas especialistas em tubarões. Tivemos encontros com cactáceos, baleias, golfinhos e a pesquisar o movimento aquático numa troca de saberes entre nós. Estamos a desenvolver um documentário sobre a conexão inter espécies e sobre como velejar em harmonia com o oceano”, referiu Violeta Lapa, assinalando que Matthieu Paley, da National Geographic, documentou a viagem e esperando que a foto-reportagem tenha um “grande impacto na visibilidade dos Açores”.
Violeta Lapa, que já organizou expedições na Tailândia, na Grécia e no Brasil, alertou para a importância de proteger o mar dos Açores: “Os mares dos Açores são incríveis, de uma riqueza e beleza única. É um azul inesquecível e o intuito do nosso documentário é mesmo alertar para a importância de cuidarmos esse mar. É preciso que nos Açores tomemos ações já, através de várias ações no dia a dia”, defendeu, apontando que “impacto do turismo pode vir a ser negativo”.
A produtora move-se por “um grande amor pela água e pelos Açores”, tendo organizado sete expedições, três nos Açores, onde está a sede da Oceans and Flow, e representado a região no Fórum Mundial da Água com um documentário sobre uma das suas expedições.
“Quero passar esse conhecimento, que poucas pessoas ainda têm, sobre aquilo que a água nos traz. Representei os Açores num evento com 171 mil pessoas vindas de 120 países e a nossa abordagem, em centenas de apresentações, era a única que falava dos efeitos no nosso corpo quando estamos em contacto com água”, afirmou.