“2021 registou mais de 300 milhões de euros em perdas económicas, sendo que, aproximadamente, 288 mil milhões euros resultaram de eventos climáticos. Com estes números, 2021 torna-se o terceiro ano com mais custos associados a eventos climáticos”. Esta é uma das conclusões da mais recente edição do 2021 Weather, Climate and Catastrophe Insight, um relatório global, orientado pela Aon, que apresenta os principais números do impacto dos desastres naturais a nível económico do ano passado.
Outra das principais conclusões do relatório, partilhada pela empresa, releva que, do total de eventos climáticos ocorridos no ano passado, somente 38% destes foram cobertos por seguros.
Para Anabela Araújo, Chief Broking Officer e Claims Director da Aon Portugal, os resultados apresentados não são animadores: “Apesar do crescente compromisso de empresas, Estados e do próprio setor segurador em trabalhar no sentido de responder à crise climática que atravessamos e que fortemente impacta todos os países a nível económico, este novo relatório vem demonstrar que ainda nos encontramos no início da jornada. É, por isso, necessária maior ousadia na visão do risco climático e desenharmos novas soluções de proteção que consigam atenuar o impacto financeiro espoletado pelas catástrofes climáticas e, consequentemente, assegurar a sustentabilidade dos negócios e países.”
Já na perspetiva de Eric Andersen, presidente da Aon plc, “existe claramente uma lacuna de proteção e inovação quando se trata de risco climático”. Para o executivo, “à medida que os eventos catastróficos aumentam em gravidade, a maneira como avaliamos e nos preparamos para esses riscos não pode depender apenas dos dados que temos do passado. Precisamos de olhar para a tecnologia, como a inteligência artificial e modelos preditivos que estão constantemente a aprender e a evoluir para mapear a volatilidade de um clima em mudança. Com soluções escaláveis, podemos apoiar as organizações a tomar melhores decisões que as tornam mais resilientes à medida que continuam a enfrentar com mais frequência riscos interligados e cada vez mais voláteis.”
O ano 2021 fica também marcado por ser o quarto ano em que mais eventos climáticos superaram a barreira dos mil milhões de dólares em perdas – neste caso, 50. Entre estes, o furação Ida, que assolou os Estados Unidos e as Caraíbas, foi o desastre que mais perdas económicas gerou no último ano, num total de $75.3 mil milhões (mais de €65 mil milhões). Atrás deste surgem também as cheias de julho na Europa Ocidental e Central, que, segundo o relatório da Aon, se tornaram o desastre mais caro de que há registo neste continente, tendo o mesmo alcançado perdas de $45.6 mil milhões (perto de €39 mil milhões). Também as cheias sazonais na China surgem na lista, com perdas de $30 mil milhões (cerca de €26 mil milhões), segundo o mesmo relatório.
Relativamente a Portugal, o país surge na lista dos eventos climáticos registados no último ano juntamente com Espanha e, ambos, registaram perdas na ordem dos mais de 131 milhões de euros, devido ao período de mau tempo que ocorreu entre 29 de maio e 14 de junho.
Sobre a resposta a este cenário, Carlos Freire, CEO da Aon Portugal, destaca que, “perante uma realidade onde o risco climático, em particular, e os long tail risks, em geral, são cada vez mais prementes, a solução terá de passar por modelos de negócio que mobilizem transformações estruturais para assegurar a resiliência das empresas e organizações em relação ao contexto de volatilidade, cada vez mais constante, criando uma abordagem mais direcionada para os princípios ESG (Environmental, Social, Governance)”.
O 2021 Weather, Climate and Catastrophe Insight é um relatório desenvolvido anualmente pela Aon com o objetivo de reunir informação que permita quantificar e qualificar riscos relacionados com catástrofes e, em simultâneo, avaliar como é que as organizações podem aumentar a sua resiliência num cenário onde o risco climático é cada vez mais volátil.