“Nestes tempos de pandemia, uma recuperação completa é o objetivo principal em todo o mundo e deve ser atingida em linha com os objetivos climáticos”. A declaração é de João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, na abertura do “Seminário Empresarial Portugal-África | Exportar “Verde”: A Internacionalização das empresas na era da sustentabilidade”, promovido pela aicep Portugal Global (Agência para o Investimento Comércio Externo de Portugal), em parceria com a CIP (Confederação da Indústria Portuguesa).
Numa altura em que se apela a uma “mobilização para uma recuperação verde”, o ministro do Ambiente defende a necessidade de se convergir à volta do mote “reconstruir melhor”, combinando “necessidades com os pacotes financeiros da recuperação económica e com a urgência da resposta climática e ambiental”, reiterando a posição da ciência sobre esta necessidade: “O apelo de uma mudança para uma economia neutra é agora mais claro que nunca”. Desta forma, a mudança “representa uma oportunidade para soluções de recuperação económica”, não apenas na União Europeia, mas para todo o mundo: para além do Green Deal (Pacto Ecológico Europeu) fornecer um “enquadramento para a recuperação da economia em linha com os objetivos de fazer da Europa o primeiro continente neutro”, é necessária uma“mudança de paradigma nos usos de energia, nas novas relações sobre o uso de recursos e no reconhecimento do papel central da biodiversidade para a qualidade de vida”, destaca. O chefe da pasta do Ambiente reconhece que o progresso feito até agora é significativo: “A Europa já reduziu as emissões em 56% em comparação com 1990, enquanto que a economia já cresceu mais de 60%, mostrando que a descarbonização e o crescimento são compatíveis”. De facto, a Europa pode “atingir a neutralidade carbónica”, ao mesmo tempo que a sociedade “preserva a competitividade das indústrias”, investindo em “energias e tecnologias limpas” e “aumentando a produtividade e sustentabilidade”, reforça. Mesmo que a transição exija um “aumento das competências” e um “aperfeiçoamento da inovação tecnológica em energia, edifícios, transportes ou indústria”, Matos Fernandes acredita que a Europa está numa “posição única para investir” numa recuperação coletiva e num futuro melhor. Por seu turno, Portugal está “totalmente comprometido” para seguir este caminho: “Em 2016, assumiu o compromisso de neutralidade carbónica até 2050 e o roadmap foi desenhado com medidas e ações concretas”.
Voltando à pandemia, o chefe da pasta do Ambiente considera que a Covid-19 trouxe ainda mais razões para acelerar a transição e perseguir os objetivos climáticos com uma ambição renovada: “Para implementar essas reformas para a transição energética, temos utilizado os instrumentos “Next Generation EU” e os planos plurianuais como elementos-chave, assegurando os objetivos para o clima e para o ambiente, criando empregos e não deixando ninguém para trás”. Sobre o continente afrcano, que é, especialmente, afetado pelas alterações climáticas, João Pedro Matos Fernandes acredita que o “esforço financeiro das empresas”, juntamente com os “instrumentos que o continente vai dispor” podem ter um “papel principal no combate” às alterações climáticas. O ministro do Ambiente destacou ainda o papel importante dos Governos: “Devem ter responsabilidade de enviar os sinais corretos para a estabilidade, permitindo investimentos concretos alinhados com os objetivos climáticos”.
Como nota final, Matos Fernandes reforça a importância dos custos da recuperação serem “canalizados para investimentos sustentáveis” e que sejam capazes de “acelerar a transição” para países parceiros. Para o ministro do Ambiente, a recuperação desta crise global está também ligada à cooperação internacional e solidariedade: “A Europa está preparada para liderar os esforços em direção a uma recuperação e está preparada para apoiar os seus parceiros e construir com eles uma resposta económica global aos desafios que nos vamos deparar devido ao impacto da pandemia”.
O “Seminário Empresarial Portugal-África | Exportar “Verde”: A Internacionalização das empresas na era da sustentabilidade”, realizou-se no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.