Os últimos avanços da China e da Índia na luta contra as alterações climáticas apontam para uma descida de duas décimas na expectativa de subida da temperatura, no final do século, segundo um estudo de várias instituições científicas. O relatório da plataforma Climate Action Tracker (CAT), que reúne instituições científicas alemãs, foi divulgado à margem da conferência do clima das Nações Unidas (COP23), a decorrer até sexta-feira, em Bona.
O documento prevê uma subida das temperaturas médias globais de 3,4 graus Celsius até 2100 relativamente aos níveis pré-industriais, contra o aumento de 3,6ºC estimados em novembro do ano passado.
“Enquanto as políticas ambientais dos Estados Unidos foram deixadas para trás pelo Presidente Trump, a Índia e a China avançaram, conseguindo progressos significativos na ação contra as alterações climáticas, ao longo do último ano”, indica o documento.
Em 2009, começaram a realizar-se as estimativas que servem de base ao trabalho deste grupo, formado pelas entidades Climate Analytics, NewClimate Institute e a consultora Ecofys.
O diretor executivo da Climate Analytics, Bill Hare, defendeu que “está claro quem são os líderes” na luta contra o aquecimento global. “Perante a inação norte-americana, a China e a Índia estão a redobrar os seus esforços”, disse Bill Hare, considerando que, “no entanto, ambos necessitam de rever e reforçar os seus compromissos” resultantes do Acordo de Paris sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa.
As medidas adotadas nos últimos 12 meses na China e Índia “deram origem a uma diferença nas projeções das emissões de gases com efeito de estufa do CAT baseadas nas políticas aprovadas”, prossegue o relatório.
O crescimento das emissões chinesas “abrandaram dramaticamente”, de uma subida de 110% entre 2010-2015 para 16% na atualidade, e a Índia mudou de forma “equivalente” a sua ação contra a mudança do clima.
Todos os aumentos apontados pela plataforma, incluindo dos Estados Unidos, estão muito longe do limite de 2ºC fixado no Acordo de Paris, um nível a partir do qual, segundo o conselho científico, as consequências das alterações climáticas provocadas pelo aquecimento global seriam muito graves para a humanidade e para a natureza.
Embora “alguns dos maiores emissores, como China, União Europeia e Índia, tenham reduzido as suas emissões ou abrandado o crescimento”, a CAT alerta que “isso não leva a uma descida das emissões globais de gases com efeito de estufa”.
Aliás, o grupo de instituições prevê que as emissões continuem a subir na próxima década entre 9% e 13%, principalmente devido ao aumento esperado em países como Turquia, Indonésia e Arábia Saudita.
Em 17 dos 32 países analisados, “as emissões devem aumentar mais de 20% durante este período”, acrescenta o estudo.